Crush em Hi-Fi

Música, trilha sonora, CDs, discos, DVDs, mp3, wmas, flac, clipes, ruídos, barulho, sonzera ou como quer que você queira chamar.

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Londrinas do Colour Me Wednesday contam mais sobre seu indie rock DIY feminista e “livre de homens”

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O Colour Me Wednesday se define em sua página do Facebook como “FEMINIST LEFT-WING ETC. DIY PUNK AND INDIE AND POP FROM WEST LONDON”. O DIY é ao pé da letra: para distribuir seu primeiro EP, as membras da banda criaram as capas dos CDs com pedaços de caixas de cereal matinal e pararam de produzir assim que a demanda passou dos limites do estoque de Sucrilhos que elas tinham em casa.

O grupo é formado pelas irmãs Harriet (guitarra, voz) e Jennifer Doveton (guitarra), junto com Carmela Pietrangelo (baixo). Depois de passarem por algumas formações em que o baterista era homem, o trio está procurando a baterista perfeita para uma formação só com garotas (segundo as redes sociais da banda, hoje em dia quem assume as baquetas é uma garota chamada Lizzie). As garotas, fãs de gatinhos, dançar sóbrias e “Buffy, a Caça-Vampiros”, conversaram comigo sobre a atitude Do It Yourself da banda, o indie rock dos dias de hoje e músicas saindo de vaginas:

– Como a banda começou?

Harriet: Eu gosto bastante de Juliana Hatfield e queria aprender a tocar guitarra como ela quando eu tinha 17 anos. Acabei fazendo música com algumas amigas minhas, mas não tínhamos uma vocalista e eu tinha muito medo de cantar. Na época ia acontecer uma “batalha de bandas” na região e nós queríamos muito entrar. Por sorte, Jen tinha acabado de começar a cantar na frente de pessoas, então juntamos forças e começamos o Colour Me Wednesday. Isso foi anos antes de a Carmela entrar na banda.

– Como surgiu o nome Colour Me Wednesday?

Harriet: Basicamente pegamos palavras de um chapéu e inventamos o significado depois! (Risos)

– Quais são suas influências musicais?

Jen: Juliana Hatfield, Billie Piper, Destiny’s Child.

Harriet: Quando começamos a banda, estávamos ouvindo bastante bandas como Lemuria e Sky Larkin também. Guitarras realmente inspiradoras.

Carmela: Provavelmente PJ Harvey, Pogues, Suzanne Vega.

– Me contem um pouco sobre o que vocês já lançaram.

Jen: Tivemos um EP de amostra em que fizemos a capa de cada um à mão com caixas de cereais. Em pouco tempo a demanda online cresceu e não conseguimos continuar, então começamos a trabalhar em um álbum, que acabamos lançando em 2013 com o nome “I Thought It Was Morning“.

Harriet: Lançado pela Discount Horse Records.

Jen: No ano passado a banda Spoonboy, de Washington, nos chamou para fazer um split pois estávamos em tour com eles. Tínhamos 5 faixas e trabalhamos nelas, gravando tudo em casa (como todas nossas músicas) e esse disco saiu no verão passado! Tentamos sempre co-lançar tudo em nosso próprio selo, “Dovetown”, também.

Carmela: Estamos escrevendo músicas novas e trabalhando em nosso segundo disco. O primeiro tinha várias músicas antigas, então o segundo provavelmente terá um estilo um pouco diferente, mais próximos do que temos no split com o Spoonboy.

1970909_10151937528013053_239069328_n– Como você acha que o Youtube e a internet em geral ajudam a promover novas bandas e fazer com que fiquem conhecidas por todo o mundo?

Jen: Bom, as gravadores já estão no marca-passo. É cada vez mais difícil conseguir um contrato com um selo, especialmente se sua banda é de garotas, o que é visto como um nicho. Eu gosto da ideia de que online, se você trabalhar duro, produzir um monte de coisas e tornar tudo isso disponível você pode se beneficiar. Enquanto isso, as rádios e a indústria musical continuam sendo sobre quem você conhece e quem você paga ao invés de quão duro você trabalha ou quanto talento você tem.

Carmela: Tem gente que paga para ter mais visualizações e curtidas, mas ainda tem maneiras de se fazer disponível na internet sem pagar. Porque você se direciona às pessoas que querem te ouvir.

– Como é seu processo criativo?

Harriet: Livre de homens. Músicas saindo de vaginas.

Jennifer: Não sei… Cada música é diferente e tem um processo diferente. Quando uma de nós tem uma música nova, trazemos para a mesa e todos trabalhamos nela, talvez gravamos uma demo…

– Se vocês pudessem fazer uma cover de QUALQUER música, qual seria?

Harriet: Toda a trilha de “Nashville”.

Jen: Nós PODEMOS fazer cover de qualquer música. Quem disse que não podemos? (Risos)

Harriet: Recentemente fizemos uma cover de “I Fall To Pieces” da Patsy Cline.

Jen: Bom, acho que teriam algumas músicas que acharíamos muito difíceis…

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– Como vocês definem o som da banda?

Carmela: Umm, rock político dos 90’s. Tem bastante guitarras dos 90’s no meio.

Harriet: Indie pop punk de aquecer o coração com harmonias importantes.

Jen: Otimista, mas triste.

– O que vocês acham das músicas que são lançadas hoje em dia?

Harriet: Eu estava mesmo falando do indie mainstream um dia desses, na verdade, porque estávamos ouvindo a banda de um amigo nosso chamada Mammoth Penguins e isso me fez pensar. Uma das músicas deles, “When I Was Your Age”, é um hino indie épico e é melhor que metade das coisas que você ouve na XFM ou rádios rock por aí. Porém, não será tão popular quanto aquelas boy bands horríveis. Apesar disso, eu gosto de um monte de músicas pop que são lançadas.

Jen: Sim, eu não acredito em ser preciosista sobre música. Eu ouçoestações de rádios pop e qualquer outra coisa. É óbvio um monte de coisa é criada para ganhar dinheiro rápido, mas um monte de gente acha essas músicas realmente cativantes e amam dançar com elas, então não podem ser tão ruim assim!

Carmela: Bem, eu acho que estou ouvindo qualquer coisa que eu quiser. Eu gosto de um monte de pop mainstream, mas, apesar disso, um monte de que eu ouço além disso é de pessoas que conheço pessoalmente. O que é uma coisa bacana agora – é acessível. Tem um monte de indie rock que eu não me incomodo em escutar agora, em vez disso prefiro um monte de bandas com quem já tocamos.

– Onde vocês gostariam de ver sua carreira em 10 anos?

Harriet: Disco de platina. (Risos) Nah, apenas apreciadas e com pessoas colecionando nossos discos e entusiasmados com nossas letras e o que queremos dizer. Isso está acontecendo em parte agora, queremos mais disso.

Jen: Poder fazer tours pelo mundo e nos bancarmos. Conhecer mais e mais músicos que possamos ajudar e trazer para nossa comunidade.

Harriet: Assim você faz a gente parecer um culto.

Carmela: Sim, ter tempo para escrever mais e criar coisas de que realmente nos faz orgulhosas. E continuar nos desafiando musicalmente. E poder fazer mais turnês, visitar novos lugares e tocar com um monte de gente diferente! Em 10 anos, espero que nosso som cresça ainda mais e seja um pouco diferente, para que saibamos que não ficamos no mesmo lugar.

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– Quais são os próximos passos do Colour Me Wednesday?

Carmela: Álbum 2. Formação só com garotas.

Jen: Queremos organizar mais shows. Levar a Dovetown mais fundo.

Carmela: Fazer mais gravações com a Dovetown e lançar nosso disco por ela. Levar pra frente.

Harriet: Colour Me Wednesday e The Tuts vão tomar conta.

– Pra finalizar, me digam quais bandas chamaram sua atenção recentemente.

Harriet: Bully, é ótimo.

Jen: Allison Crutchfield.

Harriet: Ouvi uma música no Rookie Mag outro dia de uma banda chamada Shunkan e achei ótima. Girl Pool também. E Go Violets são legais. Não tenho certeza quão novas essas bandas são, na verdade.

Carmela: Okinawa Picture Show – São uma banda completa agora. Muito boa.

Ouça o disco “I Thought It Was Morning” completo aqui:

Alf, ex-Rumbora, prepara seu primeiro disco solo no esquema de crowdfunding e não descarta uma reunião do Rumbora

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Alf não veio do planeta Melmac ou animou as manhãs da Globo com dublagem de Orlando Drummond, mas como seu xará alienígena, também é teimoso. O ex-Rumbora se mantém na ativa com um projeto de crowdfunding para lançar seu primeiro disco solo, depois do fim do projeto Supergalo e do lançamento de singles como “O Sol Saiu”, em 2013.

“Desde que me entendo por gente a música move minha vida. É minha primeira memória, quando aos dois anos de idade pegava a vitrola de brinquedo da minha irmã e ouvia apaixonadamente os discos da casa. É com o que, desde sempre, me comunico, me reinvento, acho meu lugar no mundo e sou salvo todos os dias”, conta na página do crowdfunding.

“O novo disco contará com 8 músicas inéditas pinçadas entre várias que compus nesses anos de muita dedicação e de bônus, um EP digital com as 3 canções que lancei em 2013 (“O Sol Saiu”, “Guarde Um Lugar” “Pra Onda Boa Me Levar”), clipes e muitas outras recompensas para quem se aventurar nessa comigo”, explica o músico.

Para colaborar com o crowdfunding do Alf e receber o novo trabalho em sua casa, basta ir à página do projeto: http://www.kickante.com.br/campanhas/alf-tenha-o-novo-disco-em-primeira-mao

Conversei com Alf sobre o crowdfunding, sua carreira e o papel do rock no cenário musical brasileiro atual:

– Você está fazendo um crowdfunding para o lançamento de seu primeiro disco solo. O que vai rolar nesse disco?

Comecei esse processo entre o fim de 2010 e o começo de 2011. Me enfurnei no meu home-studio e experimentei várias possibilidades e influências de coisas que ouço desde criança até hoje. A atmosfera é noturna com atenção especial à batidas tribais e hipnóticas, grooves maliciosos, riffs maldosos, melodias que contassem uma história e letras inspiradas em amor, sexo, psicodelia e poesia.

– Pelo que li, algumas músicas vão ser gravadas no Estúdio Costella, do Chuck Hipolitho. Sempre vejo ótimas bandas irem gravar por lá. O que o Estúdio do Chuck tem de especial?

O astral é demais. É um lugar muito à vontade e as coisas fluem numa naturalidade muito boa. Além do Chuck ser um grande parceiro. O astral de lá é diretamente ligado à pessoa dele e a forma desprendida como trabalha.

– Você gravou todo o disco sozinho ou tem participações de outros músicos?

Gravei as prés em casa no esquema das músicas que lancei em 2013, mas vamos regravar tudo com todas as válvulas, tambores e microfones que temos direito. Vou tocar boa parte dos instrumentos, mas dessa vez vou ter amigos muito especiais participando em algumas canções. Iuri Rio Branco e Pedro Souto que tocam comigo, por exemplo. Devem rolar algumas surpresas também.

– Qual a sua opinião sobre esse sistema de crowdfundings? Ele ajuda bandas e artistas independentes a construírem sua carreira?

Acho o crowdfunding uma idéia incrível. Uma relação direta com quem admira seu trabalho e acredita nele. E uma solução muito saudável pro momento que vivemos.

– Qual é o papel do rock na cena musical brasileira hoje em dia?

Infelizmente, o rock hoje em dia, em sua maioria, está de coadjuvante. É um estilo que precisa de fãs verdadeiros que se interessam em acompanhar a carreira dos artistas (e não suas vidas) e mergulhar no universo que está sendo explorado. Com a rapidez e avalanche de informação em que vivemos tudo fica na superfície. Os 15 minutos de fama os quais o Andy Warhol profetizou. Talvez isso mude. Me parece um grande deslumbre, mas o tempo é o senhor de tudo.

– Quais são suas principais influências musicais nesse disco?

É um caldeirão maluco onde cabem a psicodelia e as trilhas sonoras dos anos 60, os riffs e grooves dos anos 70, o minimalismo, neopsicodelismo e futurismo dos anos 80 e a música brasileira tribal e percussiva.

– Qual a sua opinião sobre a febre da música em streaming?

É muito prático, né? E a gente gosta de praticidade. Por isso as coisas caminharam pra onde estão. O desafio é transformar a experiência em algo mais envolvente. Acho legal porque, ao menos, existem as discografias. As pessoas ficam sabendo qual o disco tem tal música. Tem biografias, fotos. Essas informações estavam se perdendo pelo caminho. Poderiam ter encartes inteiros, letras. O pacote completo. E pagarem melhor os artistas.

– Você já passou por grandes bandas do rock nacional, como Câmbio Negro, Rumbora, Raimundos e Supergalo. O que cada banda te trouxe de experiência?

No Câmbio Negro pude externar a minha base de baixista altamente influenciado pela música negra norte-americana como o funk e o soul e viver o hip-hop que também é muito importante na minha formação. O Rumbora trouxe a realização de fazer uma banda com 4 grandes amigos de infância e tocar o coração de muita gente de uma forma que ressoa até hoje. Tomamos a liberdade de explorar todo e qualquer tipo de música que nos interessasse e foi de um aprendizado sem preço. Nos Raimundos tive a honra de fazer parte de uma entidade do rock brasileiro e girar o Brasil inteiro (além de uma tour nos EUA) com grandes amigos numa estrutura ultra-profissional. No Supergalo o desafio foi tentar ser o mais direto possível nas composições e explorar os novos tempos através de tournées por todo o Brasil, Argentina e Europa em formato totalmente independente. Mais uma vez, com grandes amigos.

– Existe a possibilidade de uma reunião do Rumbora?

Uma hora a gente consegue coordenar as agendas.

– Já me falaram que quando o Rodolfo saiu dos Raimundos, chegou a ser falado que você assumiria o posto. É verdade? Existiu esse convite?

Não. Desde o começo incentivei o Digão a meter as caras. O convite foi feito para tocar o baixo quando o Canisso saiu, o que acabou acontecendo de 2002 à 2007.

– Quais bandas e artistas independentes você acha que o Brasil deveria conhecer e ainda não conhece?

Tem muita coisa boa por aí e não é de hoje. Quem acompanha tá ligado, mas o Brasil todo deveria conhecer. Tem pra tudo que é gosto. Do folk ao pesado. Rios Voadores, Sexy-Fi, Boogarins, Far From Alaska, Camarones Orquestra Guitarrística, The Neves, The Baggios, Galinha Preta, Optical Faze, Rocca Vegas, Darshan, Scalene, Talma & Gadelha, Astros, Nevilton e bandas como Cascadura e Vespas Mandarinas que já tem seu espaço mas mereciam estar em outro patamar.

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Uma entrevista curta e grossa com Big Dad Rich, líder da banda de “red dirt metal” Texas Hippie Coalition

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Big Dad Ritch é um homem de poucas palavras. Ou foi o que ele demonstrou nesta entrevista rápida e rasteira sobre sua banda, o Texas Hippie Coalition, na estrada há mais de 10 anos fazendo o velho e bom hard rock misturado com metal cheio de influência do Texas e da country music americana de raiz.

Com quatro álbuns na manga (Pride of Texas – 2008, Rollin’ – 2010, Peacemaker – 2012 e Ride On – 2014), a banda de Denison é formada por Big Dad Ritch (Vocal), John Exall (Baixo), Cord Pool (Guitarra) e Timmy Braun (Bateria) e está atualmente excursionando pelos Estados Unidos promovendo seu último disco.

Conversei com Big Dad sobre a carreira da banda, a passagem pelo Brasil em 2011 e a “coincidência” da sigla da banda ser THC:

– Como a banda começou?
Eu roubei membros de algumas outras bandas. Como um ladrão.

– Eu li que os membros da Texas Hippie Coalition vieram de bandas “rivais”. Isso é verdade?
Com certeza!

– Como você definiria o “Red Dirt Metal” que vocês fazem?
“Red Dirt” é a cor do solo de onde vivemos no Texas. A música “Red Dirt” é apenas verdadeira com nossa história de vida, mantendo as raízes verdadeiras de onde viemos.

– As iniciais do nome da banda (THC) são uma brincadeira com marijuana ou é apenas coincidência?
É mais do que uma brincadeira. Estamos todos chapados, felizes e dando positivo no teste da THC.

– Vocês estão em turnê com o disco “Ride On”. Quais são suas músicas preferidas deste álbum?
Essa é difícil. É como perguntar qual filho você ama mais… ou qual namorada é sua preferida.

– O quanto o som de vocês mudou do primeiro disco “Pride Of Texas” para “Ride On”?
Na verdade não há mudança, apenas crescimento. Como um fazendeiro expandindo seu rancho e seu rebanho. Crescemos e nos mantivemos fiéis à nossa marca.

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– Vocês vieram ao Brasil em 2011. Como foi a viagem?
Meu coração pertence ao Brasil. Eu me apaixonei pelo país, pelo jeito das pessoas e por três ou quatro lindas mulheres. O Brasil tem muitas belezas…

– Vocês planejam voltar ao Brasil?
Sim, e mal podemos esperar por isso!

– Quais são suas maiores influências musicais?
Johnny Cash, Waylon Jennings, Willie Nelson e muitas outras, fica até difícil listar. Música é minha vida. Todos os tipos de metal, rock , country, etc.

– Se vocês pudessem dividir o palco com QUALQUER banda ou músico, quem seria?
PANTERA!

– A banda já está na ativa por uma década. Houve alguma mudança desde o princípio?
Bem pouca. Eu ainda sou o chefe… e ainda chuto bundas.

– Que novas bandas chamaram a sua atenção recentemente?
Eu estou gostando bastante da banda Sons Of Texas. Me chame de ufanista

– O que você acha das músicas que são lançadas hoje em dia?
Para mim, parece com o que diz aquela velha canção do Tesla. “Getting better, gettin better every day…”

Deb and the Mentals lança primeiro EP e se apresenta no True Rock Jägermeister nesta quinta-feira

11153438_976207502424698_768755599_oDeb and The Mentals é um quarteto de São Paulo, formado por nomes já conhecidos da cena underground da cidade: Deborah Babilonia (vocal, ex-Debbie and the Rocketeers), Stanislaw Tchaick (baixo, Water Rats), Guilherme Hipólitho (guitarra, irmão de Chuck Hipólitho, do Vespas Mandarinas) e Giuliano Di Martino (bateria, ex-Veronica Kills). O som da banda é puxado para o grunge, com toda a distorção que o gênero merece.

O primeiro EP da trupe será lançado no True Rock Jägermeister, que rola no Beco 203 no próximo dia 16, a partir das 21h. A apresentação também conta com shows do Hellbenders, Gross e Vivendo do Ócio.

Conversei com Deborah Babilonia sobre a nova banda, o EP que vem por aí e a apresentação no Beco 203:

– Quando Deb & The Mentals começou?

Bom, começou esse ano para falar a verdade. Tivemos a ideia de nos reunir fim do ano passado.

– Como foram escolhidos os membros da banda?

Todos nós somos amigos já algum tempo, em uma conversa resolvemos nos reunir e fazer uma jam com umas músicas minhas que estavam guardadas e gravadas no celular. Aí a jam deu muito certo, e resolvemos gravar o EP.

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– Eu gostava muito das bandas das quais vocês vieram, como Debbie & The Rocketeers e Veronica Kills. O que vocês trazem desses projetos para a banda?

De estilo musical eu não saberia responder ao certo. Como as bandas eram com outros integrantes, dava uma mistura diferente do que é agora. Mas posso te garantir que trazemos uma vontade insana de não querer parar de tocar (risos).

– Vocês estão gravando no Estúdio Costella, do Chuck Hipolitho. Porque escolheram este estúdio? Quem está produzindo?

Além de gostar muito do ambiente, que eu acredito que isso conta bastante para uma gravação (sou meio hippie e levo a sério esse lance de energia), lá tem uns equipamentos bem legais e uma estrutura bacana! Tanto o Chuck quanto o Capilé te deixam bem à vontade, dão uns toques legais e construtivos, e não fica aquela coisa sem alma, eu diria. Quem produziu foi o Capilé do Sugar Kane/ Water Rats. Ele produziu lindamente, acompanhou alguns ensaios e puxou nossas orelhas quando necessário, hehe. Gosto de produtor assim, que fala mesmo o que tá ruim ou o que tá bom, sem frescura. Todos nós estamos muito felizes com o resultado!

– Quais são as maiores influências musicais da banda?

Humm, eu diria que grunge, meio clichê porém um clássico muito bom como Nirvana, Sleater Kinney, Yeah Yeah Yeahs, Pj Harvey

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– O que podemos esperar da apresentação?

Muita distorção nos ouvidos!

– Quais são os próximos passos da banda?

Queremos lançar esse EP em vinil de 7 polegadas pela Läjä Records. Mas nem conversei com o Mozine sobre isso ainda!

– Quais são os desafios de ser uma banda independente de rock hoje em dia?

Os desafios são muitos, temos que correr atrás de tudo sozinho. Gravação, divulgação, marcar shows, tour, falar com as casas e produtores… o espaço é pequeno para bandas independentes, mas existe. Ou você está nessa por amor incondicional por isso, ou vai morrer de raiva!

– O rock pode voltar às paradas de sucesso no Brasil?

Tem muita banda legal no nosso cenário independente, muita coisa acontecendo. Não sei se essas bandas vão conseguir atingir o mainstream, porque quem toma conta dessa parte não está interessado em música boa e sim em retorno financeiro, apenas. Por isso é difícil dizer se um bom rock voltará às paradas de sucesso como o Titãs e outras bandas alcançaram um dia. Mas pelo menos, eu tenho escutado algumas bandas legais na rádio como Vespas Mandarinas, Vivendo do Ócio… quem sabe vem uma mudança por aí!

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– Quando poderemos ouvir o som do Deb & The Mentals?

No dia 16 de abril nós vamos lançar o EP pela nossa página no facebook. Que será no mesmo dia do nosso primeiro show no projeto True Rock Jägermeister no Beco 203 às 22h.

– Você já passou por diversas bandas, como P.U.S., Hello Crazy People, Courtney Lovers, Slow, Cambridge, Busters, End Hits… O que você trouxe de cada uma para o novo projeto?

Oh, foram bandas de vertentes bem diferentes. P.U.S. caia mais para o metal e tinha umas músicas mais brasilidades com percussões, Hello Crazy People tinha uma pegada mais moderninha e efeitos eletrônicos, End Hits era algo meio Hot Water, Fugazi… Na verdade, eu levo muito nas composições do que estou escutando na época.

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O grafiteiro Ricardo Tatoo fala de Ratos de Porão, Cavalera, stencil, capas de discos, SPFW e música, muita música

545722_482319995116431_1464404408_nRicardo Tatoo tem 43 anos e já fez muita coisa relacionada à música e arte. Formado em programação visual, foi um dos primeiros artistas a atuar com o “stencil-graffiti” no Brasil. Seu trabalho já esteve em galerias de arte e intervenções públicas no Brasil e na Europa.

Foi o responsável pela linguagem visual de marcas como Cavalera e Harley-Davidson. Além disso, criou capas para discos de bandas como Inocentes, Rodox, Nitrominds, Sepultura e Cordel do Fogo Encantado, entre muitas outras. A mais atual é “Século Sinistro”, elogiado disco de 2014 do Ratos de Porão.

Através do projeto Arte Ataque Oficina, Tatoo também ministra oficinas de graffiti em faculdades, ONGs e centros sócio educativos, sempre usando a linguagem da arte de rua como instrumento de transformação social  e valorização da diversidade cultural brasileira.

Conversei com Tatoo sobre sua carreira, sua passagem de sucesso pela grife Cavalera, seu trabalho com o grafitti e a relação constante de todos seus trabalhos com a música:

– Eu sei que seu trabalho principal é a arte urbana e o grafite. O quanto disso está relacionado à música?
Meu trabalho se afinou com a música quando fui diretor de arte da marca streetwear Cavalera, de 1998 a 2005. Lá conheci e parcerei com grandes nomes da música: a banda Inocentes, Iggor Cavalera, Rodolfo Abrantes, Cássia Eller, Marky Ramone, Bruce Dickinson, TSOL, Agent Orange, Tihuana, Dudu Nobre, Ice Blue, Grinders, Nitrominds, Cordel do Fogo Encantado… A marca patrocinava bandas como estratégia de marketing e essa parceria me acrescentou um grande mergulho na arte e música. Estes citados são apenas alguns, sendo que com alguns tenho grande afinidade até hoje e outros apenas de passagem.

– Você já trabalhou bastante no meio musical. Fale um pouco de suas experiências.
Fiz boas parcerias com bandas e isso me enriqueceu muito de cultura. Quando conheci Iggor Cavalera e sua postura de protesto, em 1998, consegui enfim canalizar minha insatisfação com as mazelas deste mundo caótico e transformar em arte de protesto. Eu e Iggor fizemos algumas parcerias na arte urbana, grafitando o bar Sarajevo (SP), por exemplo. Iggor me convidou para fazer a capa do segundo álbum do Sepultura com o Derrick Green no vocal, “Nation”, onde criei o logo pentagrama com o clássico logo “S” e os desenhos iniciais. Depois destes layouts, o artista urbano Sheppard Farey enfim desenvolveu a capa.

Outro grande parceiro da mesma época é o Clemente (Inocentes). Trabalhávamos juntos e na época ele me convidou pra fazer a capa do histórico álbum “Garotos do Subúrbio”, relançado em CD na época. Grande honra, pois tem as músicas que mais gosto até hoje. Eu e Clemente nos tornamos grandes amigos e até hoje produzo as capas dos álbuns dos Inocentes, contabilizando uns 9 álbuns mais ou menos (perdi a conta!) e algumas estampas de camisetas. Atualmente estou criando a capa do próximo EP em vinil que sairá este ano ainda.

Fiz o logo da banda pós-Raimundos do Rodolfo Abrantes, o Rodox. Minhas estampas “TV Kills” foram parte integrante da bandas no álbum e apresentações.

Várias outras parcerias se formaram. Um dos grandes é André Alves, do Statues on Fire e ex-Nitrominds, para quem fiz artes para cartazes e capa de CD. O punk, o rock e a sua característica cultura do faça-você-mesmo, me proporcionam trabalhar com pessoas que desde sempre nadaram contra a maré e arregaçam as mangas muito antes desta facilidade tecnológica de hoje em dia. Atitude e protagonismo real.

– A capa do disco “Século Sinistro” (2014) do Ratos de Porão é sua. Qual foi a ideia pra criar essa capa?
Esta história é massa: em outubro de 2013 eu estava em Cianorte (PR), ministrando uma palestra e oficinas sobre arte urbana e graffiti stencil, quando recebi uma mensagem insana do João Gordo, que até então não conhecia (fora nas dezenas de shows que assisti). Na mensagem ele comentava sobre uma série de artes que fiz para um álbum split onde o Ratos de Porão cantaria Sepultura e Sepultura cantaria Ratos de Porão. De fato a arte ficou muito boa, em 2000 mais ou menos, mas não rolou por causa da mulher do Max Cavalera que deu uma de Yoko Ono e barrou o projeto. É o que sei sobre a não realização do split.

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Enfim, estava em Cianorte e a mensagem dizia: “Salve seu Tatoo, tudo bem? A arte do split RxDxPx Vs. Sepultura é realmente sua? Tenho esta arte no meu banheiro e sempre que tô cagando fico olhando pra ela. Daí surgiu a ideia: Você quer fazer a capa do próximo álbum do Ratos?” (risos)

Uma vez uma garota queria comprar um quadro meu pra por no banheiro dela e eu me ofendi. Disse que pro banheiro ela poderia comprar aqueles quadros com chimpanzé escovando os dentes, jogando sinuca… e no fim, mordi a língua. De todos os trabalhos com bandas, este é de longe o mais relevante e importante para mim e foi inspirado num momento de reflexão no trono.

A concepção total foi obra do João Gordo. Fui o decodificador, mas o cara é gente boa demais, e muito esclarecido. Sugeri que a arte fosse feita em uma grande tela de canvas e de usarmos a técnica do graffiti stencil. Expliquei que o graffiti no Brasil começou com o estilo stencil, no final dos anos 70, e sua origem vem de referências do movimento punk de protesto europeu e dos álbuns de heavy metal, assim a arte ganharia alma e sairia do pasteurizado digital. Como o álbum foi gravado analogicamente, isto é, ao vivo e sem aquele retoque de protools e etc, o João acatou a ideia: fomos além do layout digital e a arte que ele aprovou virou uma tela de +- 9 x 2,5m ao todo, contando capa, contra capa e fundo para as letras das músicas.

10499352_1012759255405833_7779136306767506852_o– Na sua série “Heróis do Brasil”, você compara Luiz Gonzaga a Elvis.
A ideia do Gonzagão ser o Elvis é apenas uma brincadeira no estilo Pop Art. Por que valorizar apenas a cultura estrangeira? Às vezes uma paródia vale como reflexão.

– Quais são suas bandas preferidas?
São muitas, entre bandas, artistas solo e grupos de rap…
Brasil: Ratos de Porão, Inocentes, Autoramas, Sabotage, Flicts, Polara, RZO, De Menos Crime, GOG, Gonzagão, Garotos Podres, Zefirina Bomba, Devotos, o Rappa, Agrotóxico, Nação Zumbi, Dead Fish e Questions.
Gringos: Ramones, Red Hot Chili Peppers, John Frusciante, AC/DC, Atari Teenage Riot, Rob Zombie, Turbonegro, Motorhead, Mudhoney, Descendents, Bad Religion, Face to Face, Kiss, Fugazi, Monster Magnet, Misfits, Rasta Knast, Husker Dü.

– A música inspira seus grafites?
Musica definitivamente é alimento da arte. Sem trilha sonora não existe inspiração. Em todos os álbuns que fiz a capa, obrigatoriamente preciso ouvir o som do álbum. O legal disso é ouvir os sons em primeira mão, muitas vezes no momento da gravação, no estúdio.

– Já foi convidado pra criar mais capas de discos este ano?
Sim. Atualmente estou produzindo o novo EP dos Inocentes e o CD da banda Guerrilha. Já fiz Cordel do Fogo Encantado, Flicts, RDP, Inocentes, Nitrominds/D.Sailors.., preciso lembrar, são muitos!

10612796_948579311823828_5879596926075091768_n– Você já trabalhou na Cavalera. Qual era seu trabalho lá?
Era diretor de arte. Entrei quando a marca tinha dois anos de vida e estava em vias de falência por causa de separação de sociedade. Ao assumir a direção, decretei a arte da Fênix, que já existia como uma estampa da série brasões como logotipo oficial e assim a marca ganhou identidade e literalmente decolou.

Comecei como diretor de arte de ninguém, pois só eu desenhava para a marca. Mais tarde tive uma equipe de arte com uns 15 designers, no auge da produção da marca. O carro chefe era e ainda é estamparia em camisetas. Também fazia vitrines, cenários de desfiles, campanhas, tags, adesivos, catálogos, campanhas fotográficas, convites para desfiles, dirigia o conceito das trilhas sonoras de desfile, que teve DJs como Kid Vinil, DJ Zegon (Planet Hemp e Tropkillaz), Iggor Cavalera, DJ Marky, DJ Patife, Edu Corelli, entre outros. Minha direção com estas feras do som era dar total liberdade e botar peso no som. (risos) Bom demais.

Também criava os temas das coleções junto da equipe de estilo, e o que mais precisasse. Carregar cenário, varrer… Vestia a camisa de corpo e alma. Com certeza foi o auge da minha carreira quando trabalhava no sisteminha de funcionário de empresas e etc, pois aliar música e arte é o sonho de todo artista.

– Você tinha muitos contatos ligados à música naquela época, certo?
Muitos. Difícil é lembrar quando se vivencia. Recebi as bandas TSOL e Agent Orange na loja Cavalera, pois como citei, a marca patrocinava bandas com suas roupas como estratégia de marketing. Este era o momento áureo da minha carreira, pois ganhava ingresso para qualquer show que quisesse. Qualquer show mesmo. Era só ligar pra secretária do dono da marca e dizer qual show e que rádio patrocinava que ela retornava perguntando se eu queria camarote ou pista. Lógico que a resposta era pista. No caso do show do TSOL e Agent Orange, rolou camarote (gentileza das bandas), e logo na primeira música o vocal do Agent Orange me reconheceu e me cumprimentou. São bobagens boas de se viver.

Viajar pra Nova Iorque e Califórnia com Ice Blue (Racionais MCs) a trabalho também foi algo absolutamente inusitado. Cabaço que sou, fiquei com meio medo dos rolês que fizemos. Deixei de ir em algumas festas com Blue porque era só mano quente. Eu com essa cara de latino não encarei as mais roots. (risos)

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Conhecer Bruce Dickinson, Marky Ramone, Cássia Eller, recebê-los na fábrica e tratar diretamente com eles, quebrando aquela imagem de que personalidades famosas são seres de outro mundo e sim pessoas de verdade, valeu como lição de vida.

Uma passagem marcante na Cavalera era o momento de apresentar a coleção da marca para o Iggor, que leva o nome da marca. Como ele é muito ligado às artes e comportamento, toda coleção era passada pela aprovação dele antes de ser produzida. Pra quem não acompanha a moda, assim como eu era, vale entender que de 6 em 6 meses as marcas fazem uma coleção nova, isto é, todo semestre é criada uma série de roupas e acessórios de acordo com um tema pré estabelecido. Na minha época os temas eram insanos, tal como realismo fantástico, novelas antigas (deboche da tevê), medidas de segurança, motocross e etc.

Depois que a equipe de criação, que era uma equipe de ouro, desenhava as roupas e eu as estampas e o Iggor voltava das turnês mundo afora, rolava uma reunião de apresentação dos desenhos da coleção. Nas reuniões os estilistas explicavam tudo que rolou. O tema, os desenhos das roupas, eu falava das estampas, e por aí vai. Frequentemente ele via tudo calado e só falava: “Legal. Legal. Legal”, na tentativa de encurtar a reunião. Aí a reunião acabava, todos saíam da sala e eu ficava pra gente conversar informalmente, sobre as turnês, som, arte de protesto… papo furado. Mas na real, aquela hora era a hora que ele se sentia a vontade de dizer o que realmente achava de verdade da coleção. Não precisa dizer que moda tende ao lado fashion. Afinal, é moda. Aí ele falava: “Cara, como vou vestir estas roupas? Sou baterista! Não dá pra usar estas roupas modernas!” Aí ele explicava sua opinião e eu “traduzia” pra equipe de estilo. Fazia um pente fino com ele e repassava pra equipe.

O massa da Cavalera é a ligação da moda com a música. O momento mais legal da minha carreira. Muita música e liberdade total para criar. Nos eventos do São Paulo Fashion Week, a Cavalera era a marca mais esperada. Fazíamos cenários malucos, convites malucos e trilhas sonoras insanas! Igualmente os convidados para assistir os desfiles também eram pra lá de inusitados.

Uma vez, na coleção “Realismo Fantástico”, um dos convidados foi o mutante Arnaldo Baptista. Pode não parecer, mas o mundo da moda é um lugar de muito trabalho sério e grande responsabilidade, pois esses eventos são como grandes circos. Muita gente trabalhando, desde faxineiros a eletricistas, técnicos de som, costureiras, seguranças, celebridades, etc. Nessa maluquice toda, o Arnaldo e sua esposa, Lucinha, ficaram meio deslocados, já que chegaram antes do evento, durante a montagem. Foi um dos momentos mais gratificantes de estar nesse meio da moda. Consegui encaminhar minha parte do trabalho e fiquei com Arnaldo batendo papo furado. A luz e simplicidade dele é encantadora. Ele achou tudo lindo, as pessoas lindas, as luzes… Existe algo de especial nele que dá pra identificar nas músicas e entrevistas antigas. O modo de falar. No fim das contas consegui assistir o desfile ao lado dele, Lucinha e da Sonia Abreu, a primeira DJ do Brasil, lendária pelo seu programa “Músicas do Quarto Mundo”.

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– Você já teve alguma banda?
Eu me contento como fã. Até hoje gosto de ir perto do palco e pogar. Só mosh que não faço mais. Tô velho.
Não sei tocar instrumento algum. Só tinta mesmo.

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