Crush em Hi-Fi

Música, trilha sonora, CDs, discos, DVDs, mp3, wmas, flac, clipes, ruídos, barulho, sonzera ou como quer que você queira chamar.

Arquivo para a tag “Titãs”

O duo FingerFingerrr abre com o pé na porta a estreia da festa Rock Lobster, no Neu Club

FingerFingerrr_promo

Foto: Daniela Ometto

No dia 02 de maio, sábado, estreia no Neu Club a festa Rock Lobster, onde este que vos fala e Raul Ramone (do Degenerando Neurônios) colocarão nas pickups o melhor do rock alternativo, tentando fugir um pouco dos hits repetidos à exaustão na noite paulista. Para inaugurar esta empreitada com o pé na porta, a banda FingerFingerrr fará o show do esquenta, prometendo deixar os tímpanos mais sensíveis zumbindo.

Formado por Flavio Juliano (voz/guitarra/baixo) e Ricardo Cifas (bateria/voz/teclados), o duo FingerFingerrr possui um som que mistura influências de punk rock e hip hop. Em 2013, a banda lançou seu EP de estreia, “The Lick It EP”, partindo na sequência para os EUA, onde fizeram uma série de show, inclusive na lendária casa de discos Cactus, em Houston, além de participar do circuito alternativo do SXSW. No Brasil, os shows continuaram nas principais casas indie de São Paulo, dentre elas a Casa do Mancha, Puxadinho e Beco 203, onde dividiram o palco com a banda francesa The Plasticines. Em 2014, uma nova tour pelos EUA, dessa vez com diversas datas por Nova York e Los Angeles.

Em 2015 a banda lançou seu novo single, “Buck You”, e está preparando seu disco de estreia até o final do ano.

Conversei com Flavio e Cifas sobre a carreira da banda, o single “Buck You” e o circuito independente de São Paulo:

– Como a banda começou?

CIFAS: Eu e o Flavio tocamos juntos desde 2008, tivemos algumas bandas e projetos com outros parceiros. Dentre esses trabalhos a gente montou o FingerFingerrr que, no começo, era um quarteto. Com essa formação gravamos “The Lick It EP” e fizemos diversos shows. Há cerca de um ano nos tornamos um duo e começamos a trabalhar de forma integral na banda.

– Como surgiu o nome FingerFingerrr?

FLAVIO: Eu queria um nome que tivesse uma palavra muito fácil mas que ao mesmo tempo tivesse uma particularidade na sua escrita. Cheguei na palavra “Finger”, que eu sempre gostei e que a maioria das pessoas conhece a tradução. Falei pro Cifas e rapidamente a gente chegou ao FingerFingerrr. É tão legal que tem que ser escrito duas vezes. O nome não é pra ter um significado claro e concreto mas é incrível como a palavra “dedo” sugere um monte de coisa para as pessoas.

– Quais são as principais influências musicais da banda?

FLAVIO: Qualquer música, de qualquer banda ou artista, ou fração de som pode ser uma influência. Mas em termos de sonoridade, dá pra dizer que um ponto de partida pra entender nosso som é baseado em tudo que eu ouvia quando comecei a entender música, de Chili Peppers e Guns N’ Roses, até Blur e Radiohead; e algumas características do rap/punk do Beastie Boys e aquela pressão e atitude do Hip Hop e Rap dos anos 90, e como ele evoluiu até agora.

– Vocês acabaram de lançar o single “Buck You”. Podem falar um pouco mais sobre esta música?

FLAVIO: A primeira versão dela foi feita em 2012 no meu lap. Os timbres eram muito mais puxados para o hip hop do que qualquer coisa. Quando chegou a hora de realmente gravar em estúdio, não estava soando bem. O Gianni Dias, que formou o FingerFingerrr com a gente, produziu a faixa e chegamos num novo arranjo – mais banda, menos computador. O Gianni mixou e masterizamos em Nova York. A história da composição mesmo aconteceu baseada num encontro inesperado que tive com uma ex-namorada numa época que morei em Paris. Eu estava amargo, crítico e tentando entender o coração quebrado – então fui pra Paris ficar mais ‘perto‘ da cultura e cidade dela, mas sem encontrá-la pois a gente não estava se falando. Então, totalmente sem querer, a gente trombou um no outro num protesto em Paris. Conversamos rápida e cordialmente, e pronto… não a vi mais. Alguns meses depois veio a música… o instrumental primeiro, logo em seguida a melodia e boa parte da letra juntos.

– Como é o processo de composição de vocês?

CIFAS: A gente usa várias formas de compor tanto a letra quanto a música e elas sempre se misturam durante o processo. Tem vezes que eu chego com uma ideia, ou o Flavio muitas vezes chega com ideias ou a gente faz jams e começamos uma ideia juntos. A partir dai a gente pega esse material e tenta desenvolver ele ao máximo criando outras partes e caminhos para aquela ideia inicial que pode ser um refrão, um verso, uma melodia ou riff. Nesse processo a gente grava tudo, desde a primeira vez que aquela ideia foi executada até como ela se transformou após um mês tocando e gravando. A gente ouve tudo e bate o martelo de como a musica soou melhor no processo e pronto!

– Se vocês pudessem fazer QUALQUER cover, qual seria?

CIFAS: Tem várias musicas que a gente gosta, “Tender” do Blur é demais, a gente já tocou “National Anthem” do Radiohead, que é muito boa, “AA UU”, do Titãs é muito foda também. Acho que o que não falta nesse mundo é música boa pra se tocar. Mas quanto a isso, acho que o público e as bandas tem que valorizar a música autoral. O “culto” ao cover e principalmente as bandas cover é uma das coisas mais nocivas ao mercado independente e autoral. Primeiro porque essas bandas acrescentam muito pouco pra cena musical da sua cidade, elas apenas reverberam o que já é sucesso e dão subemprego para alguns músicos. Muitas vezes as casas/bares/bandas fazem isso afirmando que o cover atinge mais público e lota a casa. Isso é subestimar o público, é chama-lo de burro. E não somente isso, é querer se eximir de produzir cultura e ganhar dinheiro com isso. Ainda bem que existem diversas casas de sucesso que são voltadas para a música autoral e é cada vez mais crescente a vontade do público de ver coisas novas.

11148670_821126484620971_2030497250739991713_n

– O rock pode voltar ao topo das paradas no Brasil?

CIFAS: Isso é uma questão de mercado, não sei se necessariamente isso seria bom pro rock. Prefiro fazer parte do processo que está consolidando o circuito independente de música no Brasil para que as bandas e compositores consigam viver de seus trabalhos em todas as esferas de sucesso, desde o cara que produz um grande hit até o artista independente que tem uma inserção de mercado bem pequena. Não adianta o rock bombar e um artista ganhar milhões e todos os outros não ganharem nada, ou muito pouco. Essa equação está mudando e isso só faz com que as pessoas produzam mais e vivam da sua arte.

FLAVIO: E se o rock voltar ao topo, a banda ícone que bombar tem que fazer muita questão de trazer o gênero inteiro consigo – apoiando, criando um selo, vendendo etc.

– Quais são as maiores dificuldades de ser uma banda independente?

CIFAS: Existem muitas dificuldades para se ter uma banda. Acho que antes de mais nada você deve ter a plena convicção do que quer, da sua ideia, e pensar que música é a sua expressão, é a forma que vai traduzir essa ideia. Sinceridade e honestidade com o que você faz e com o seu público sempre. Ah, e trabalhar quase 24 horas por dia, todos os dias… (risos)

– Quais são os próximos passos da FingerFingerrr?

FLAVIO: Esse ano vamos fazer a turnê de divulgação do nosso novo single “Buck You” pelo Brasil e América do Sul. Também já temos datas marcadas em junho nos EUA. Em setembro entramos em estúdio para gravar nosso primeiro disco mas ainda não sabemos se vamos lançar ainda esse ano ou no começo de 2016.

– No dia 02 vocês se apresentam no Neu Club abrindo a festa Rock Lobster. A casa sempre conta com “esquentas” com bandas autorais. Vocês acham que este tipo de apoio a bandas autorais está em falta em São Paulo?

CIFAS: Eu acho que é crescente a demanda de casas autorais em SP, o público tem ouvido cada vez mais as bandas independente e as bandas estão se propondo a serem cada vez mais profissionais. Essa é uma receita de sucesso. A iniciativa da Neu é super legal, tem tudo pra dar certo e somar com todas as alternativas independentes que estão acontecendo na cidade de São Paulo.

– Quais bandas novas e independentes vocês recomendariam para que todo mundo ouvisse?

CIFAS: Tem muitas: Mel Azul, Pure, Garotas Suecas, VRUUMM, Eduardo Barretto, Inky, Far From Alaska, Vitreaux, Boom Project, Bixiga 70, Bárbara Eugênia, Carne Doce, André Whoong, Nana Rizinni, Holger, Leo Cavalcanti, Moxine, Karina Buhr, Tatá Aeroplano, Wolfgang, DaVala e o Núcleo Sujo, Single Parents, Sheila Cretina, Apanhador Só, Vivendo do Ócio… Isso é que dá pra lembrar de agora…

Ouça “The Lick It EP” aqui:

10838265_10203981731719840_3269908426625331528_o

Serviço:

Rock Lobster @ Neu Club
Quando: 02/05/2015 (sábado)
Esquenta: FingerFingerrr (22h, grátis – quem chegar para o esquenta não paga para ficar na festa)
Preços:
*Com lista: R$15 (entrada) ou R$40 (consumação)
Sem Lista: R$25 (entrada) ou R$60 (consumação)
Lista: Mande seu nome para FestaRockLobster@gmail.com
*Confirmação no evento do Facebook já garante seu nome na lista https://www.facebook.com/events/1709576705936445/
Endereço: Rua Dona Germaine Burchard, 421, Barra Funda

Solomon Death assina a trilha sonora do quadrinho “Apagão – Cidade Sem Lei/Luz”, de Raphael Fernandes e Camaleão

Imagem2Imagine que um dia a energia elétrica de todo o país acabe, sem previsão de voltar. Nada de tomadas, luz elétrica e muito menos telefones, rádio, TV e internet. As pessoas, assustadas, passam a formar gangues de acordo com suas ideologias, criando algo como um “Warriors” com nazistas, PMs sedentos por sangue, fanáticos religiosos que pregam o ódio, feministas extremas… Parece desesperador? Esse é o ponto de partida de “Apagão – Cidade Sem Lei/Luz”, com roteiro de Raphael Fernandes e desenhos de Camaleão (Revista Mad). O quadrinho, lançado pela editora Draco, ganhou uma trilha sonora que acompanhada o clima de desespero e violência.

Assinada por Solomon Death, projeto de Ron Selistre (ex-Damn Laser Vampires), a trilha acompanha a ascenção da gangue de capoeiristas Macacos Urbanos, uma das poucas que parece ter bom senso e quer reestabelecer a ordem em meio ao caos insano que o mundo se torna após o fim da eletricidade.

O lançamento de “Apagão” acontece em São Paulo no dia 25 de abril, na loja Geek da Livraria Cultura, no Conjunto Nacional, e no dia 2 de maio, na loja Comix Book Shop, na Alameda Jaú.

Conversei com Raphael e Ron sobre a trilha sonora e o projeto “Apagão – Cidade Sem Luz/Lei”:

– Vamos começar do começo: como rolou o convite pra fazer a trilha sonora do projeto Apagão?

Raphael: Quando tive a ideia de que “Apagão” poderia ter uma trilha sonora, eu não tive dúvidas. Procurei o Ron Selistre e falei que queria uma trilha do Damn Laser Vampires. A parte triste é que soube em primeira mão que o DLV havia encerrado suas atividades. Foi quando o Ron me falou que tinha um projeto paralelo chamado Solomon Death e me mandou um link do Soundcloud. O negócio não era o punk de garagem dos DLV, mas era um pós-punk extremamente competente e sinistro. Não tive dúvidas, queria aquele clima pra “Apagão: Cidade Sem Lei/Luz”.

Raphael Fernandes (Foto por Rafael Roncato)

Raphael Fernandes, autor de “Apagão”

Ron, qual foi a inspiração para criar as músicas da trilha de Apagão? Quais influências musicais você diria que as composições tem?

Ron: Acho que foi um processo automático, no sentido de uma coisa naturalmente puxar a outra; eu não tinha lido a HQ ainda, mas a descrição que o Rapha me passou era bastante tridimensional. Uma guerra de gangues durante um black-out em São Paulo, envolvendo capoeira, skate e algum misticismo, isso foi o suficiente pra me instigar. As próprias influências que ele e o Camaleão tinham pesquisado pra fazer a história já traziam muita música embutida: “Warriors”, por exemplo, tem uma trilha clássica. Mas não era minha intenção seguir aquela linha, acho que ela foi bastante reeditada por muita gente. E uma das coisas que me atraía era a ideia de compor uma trilha pra uma história sombria e violenta sem precisar necessariamente apelar pra algo hardcore. A violência, o perigo, a tensão precisavam estar na música, mas num nível mais “frio na espinha” e menos soco na cara. Durante as conversas com o Rapha ele mencionou a trilha do game Streets of Rage, e foi quando fez sentido qual era a direção a seguir – a trilha de Apagão seria algo nostálgico, alguma coisa que combinasse com a estética dos games dos 90. O que tem relação nítida com o que o Vangelis fez pro Blade Runner, ele foi inegavelmente uma influência forte.

– A história já começa citando “Bichos Escrotos”, dos Titãs, em suas primeiras páginas. Esta música influenciou em algum sentido a trilha?

Raphael – Não sei se o Ron teve acesso a essa informação quando começou a gravar, pois eu estava falando com o Nando Reis para conseguir a autorização. O que posso afirmar é que eu e o Camaleão fomos influenciados pela música desde o começo. Praticamente escrevemos a abertura de Apagão como uma abertura de filme com uma trilha sonora forte. O Camaleão é doente por música dos anos 80 e fiz questão de colocar algo desse período para ele desenhar!

Ron – Sobre a inclusão de “Bichos Escrotos” na HQ, eu só soube muito depois que a trilha já estava adiantada. Achei que tem tudo a ver. Apesar da história ser ambientada num tom futurista, sempre a imagino como algo totalmente inserido no pós-punk brasileiro dos 80, aquele cenário Carecas do ABC. Numa realidade paralela, “Apagão” pode ter sido lançada em capítulos num zine em xerox ali por 86.

Imagem1Falem 5 músicas que vocês escolheriam para colocar em uma playlist se vivessem no universo de Apagão. (Lógico, se tivessem a sorte de ter um celular, walkman ou mp3 player com bateria!)

Raphael – Eu sempre monto trilhas sonoras para ouvir enquanto escrevo e edito meus projetos. Posso dizer que as 5 mais importantes para este projeto foram:
“Pânico em SP”Inocentes
“Oi, tudo bem?”Garotos Podres
“São Paulo”365
“Isto é Olho Seco”Olho Seco
“São Paulo By Day (Trombadinhas da Cidade)”Joelho de Porco

Ron – Minha playlist no universo de Apagão seria:
“Sobre as Pernas”, Akira S e as Garotas que Erraram
“Tão Perto”, do Cabine C
“Proteção”, da Plebe Rude
“Gotham City”, do Camisa de Vênus
“Me Perco Nesse Tempo” das Mercenárias

Raphael – Cara, praticamente a outra metade da minha trilha. (Risos)

– O que rolou com o Damn Laser Vampires e qual é a proposta do Solomon Death?

O DLV terminou porque chegamos numa conclusão pra história. Era o fim daquele trabalho, só isso. Ninguém brigou, ninguém se separou, pelo contrário. Tivemos um meio e um início incomuns. Decidimos que teríamos um fim incomum. O Solomon Death é essencialmente uma coleção de baladas e canções synth pop gravadas com tecnologia muitíssimo baixa. Sou eu, um computador e às vezes um violão ou uma guitarra. Me dá muito prazer fazer isso.

– Qual a importância da trilha sonora para uma história em quadrinhos?

Ron: Eu costumava ler ouvindo música, especialmente quadrinhos. Hoje gosto de ler em total silêncio, mas é diferente pra cada pessoa. O Rapha, na condição de autor, pode falar melhor sobre a ideia dele de pensar em uma trilha pra “Apagão”; na minha visão, quadrinhos são uma mídia tão espetacularmente rica que em muitos casos você pode ouvir música ali sem existir realmente uma trilha sonora. A trilha de Apagão é um “nível extra” na coisa, uma materialização dessa ideia.

Raphael: Concordo com o Ron, a trilha sonora é a oportunidade de uma nova experiência de leitura. Afinal, as HQs acabam gerando sons e efeitos no leitor apenas através de sua riquíssima linguagem.

11130050_789232991173204_1657630918_n– Ron, você já havia feito alguma trilha sonora antes?

Ron: Fiz as trilhas das campanhas de lançamento do Fantaspoa (o Festival Internacional de Cinema Fantástico de Porto Alegre), do qual fui diretor de arte, nas últimas três edições.

– Quais são suas trilhas sonoras preferidas?

Ron: São muitas. Ficaria dando nomes de trilhas até amanhã. Vou citar três. “Bram Stoker’s Dracula” do Wojciech Kilar, a trilogia Star Wars do John Williams, e “Blade Runner” do Vangelis. E das mais recentes, a trilha do “Drive” é absolutamente perfeita. Fora do “formatão Hollywood” eu amo o que o Neil Young fez em “Dead Man”.

Raphael: Minhas trilhas favoritas são nada a ver com “Apagão”. Meu primeiro CD foi a trilha de “Batman Forever”, que eu gosto até hoje. Outra que ouvi bastante foi a trilha de “Alta Fidelidade”. Recentemente, eu me vi apaixonado pelas trilhas de “Scott Pilgrim Contra o Mundo” e “Guardiões da Galáxia”.

– É a primeira trilha sonora de quadrinhos que eu conheço. Esse tipo de trilha já rola normalmente?

Ron: Não tenho notícia de outras trilhas de HQ, mas imagino que existam. Presumo que vamos começar a ver mais. Seria legal.

Raphael: Existem outras trilhas sonoras, como a trilha de “Achados e Perdidos”, que foi a grande inspiração para fazer um para “Apagão”. “Achados” foi o primeiro projeto de quadrinhos financiado através do Catarse. No entanto, eu já vi o contrário. Um disco que gerou uma história em quadrinhos: “Greendale”, de Neil Young.

– O quanto a trilha sonora de Apagão influencia na experiência do leitor?

Ron: Espero que seja uma soma na experiência. Mesmo antes de a HQ sair, a gente já tem relatos de pessoas que dizem usar a trilha pra trabalhar, o que sugere que ela ajuda em algum processo criativo. Ler é um processo de co-criação, então acho que conseguimos alguma coisa.

Raphael: Nossa ideia é que a trilha sonora levasse o leitor para dentro daquele universo tenso e sinistro de uma cidade grande dominada pelo caos e a violência. O trabalho do Ron superou em muito qualquer das minhas expectativas e acrescenta bastante à obra.

envelopeju.cdrOuça a trilha de Solomon Death para “Apagão – Cidade Sem Lei/Luz” aqui:

T-Shirtaholic: “Bichos Escrotos”, “MJ Division” e “Thug Life”

A primeira camiseta de hoje é sobre a única música do clássico “Cabeça Dinossauro”, dos Titãs, que foi censurada e não podia ser reproduzida em rádios e TV. Se você não sacou a relação entre as imagens da camiseta e a música… poxa, ouve de novo. Você precisa. Agora.
bichosQuanto? R$ 65,00
Como comprar? http://www.soundandvision.com.br/produtos/bichos-escrotos
Onde tem mais disso? Sound and Vision

Esta camiseta mostra o jovem Michael Jackson na época do Jackson 5 como um fã de Joy Division. Ou um grande frequentador do Tumblr, sei lá.

Michael_branca_02

Michael_branca_01

Quanto? R$ 69,90
Onde comprar? http://www.sejafolk.com/mj-division/p
Onde tem mais disso? Seja Folk

Justin Bieber fez o que quase todas crianças prodígio da música fazem: virou um bad boy a la Axl Rose e tá quebrando tudo que encontra por aí. Fizeram uma camiseta em homenagem às peripécias do cantor de “Baby”.

big-bieber40 big-bieber80

Quanto? R$ 69
Como comprar? http://www.korova.com.br/top-sellers-korova/regatabieber.html
Onde tem mais disso? Korova

Titãs lançam clipe com animação de Angeli para “República dos Bananas”

Imagem1

Os Titãs acabam de lançar em seu canal do YouTube o clipe de “República dos Bananas”, segundo single do disco “Nheengatu” (2014).

A música, cantada por Branco Mello, ganhou um clipe de animação de Angeli, também co-autora da música junto com Mello e Hugo Possolo, da Cia. Parlapatões. Aliás, a letra tem muito da série de tiras de mesmo nome publicadas há alguns anos por Angeli na Folha de S. Paulo, mostrando diversas pessoas e suas particularidades.

Assista o clipe aqui:

10 músicas que você nunca desconfiou que eram covers… mas são!

Ah, as covers. Eu poderia fazer inúmeros posts (e provavelmente irei) sobre essa arte secular de tocar músicas compostas por outras pessoas. Alguns são incríveis, outros, estragam obras primas. Alguns apenas copiam o que já foi feito, enquanto outras criam uma canção completamente nova.

Hoje listarei algumas músicas que fizeram muito sucesso e que pouca gente sabem que na verdade são covers ou versões. Boas covers e versões? Sim, mas ainda assim, derivadas de uma canção original que merece reconhecimento. Certo?

– “I Will Always Love You”, da Whitney Houston, na verdade é da… Dolly Parton!

A canção de 1974 de Dolly Parton ganhou uma versão cheia de sentimento por Whitney Houston em 1992, para a trilha sonora de “O Guarda Costas”. A música, que foi lançada originalmente no disco “Jolene”, de Parton, se tornou um dos singles mais vendidos de todos os tempos na voz de Houston. Ah, e tocou pra caramba em todo lugar: rádios, TV, novelas, festas, casamentos…

– “Marvin”, dos Titãs, na verdade é uma versão de… “Patches”, de General Johnson e Ron Dunbar!

Um dos maiores hits dos Titãs na voz de Nando Reis (e tocada tanto pela banda quanto pelo cantor em seus shows hoje em dia) é uma versão quase literal de “Patches”, composta por General Johnson e Ron Dunbar e que fez muito sucesso na voz do guitarrista cego Clarence Carter, que a gravou em 1970 e que levou o Grammy de melhor canção R&B em 1971.

– “Torn”, da Natalie Imbruglia, na verdade é de uma banda chamada… Ednaswap!

Sim, o hit arrasa-quarteirão da australiana Natalie Imbruglia não é dela, e sim uma versão do segundo single da banda Ednaswap, lançado em 1995. A versão de Natalie foi indicada ao Grammy de melhor música pop.

– “Hey Joe”, clássico de Jimi Hendrix, na verdade é uma cover de… The Leaves!

Por essa você não esperava, né? Pois é, um dos maiores clássicos de Hendrix na verdade é uma música do The Leaves. A autoria da música, na verdade, é nebulosa, mas a primeira gravação é a do The Leaves, em 1965, quando obteve pouco sucesso. Já com Hendrix…

– “If I Were a Boy”, da Beyoncé, na verdade é cover de…BC Jean!

Não, essa música não é originária do disco “I Am… Sasha Fierce”. BC Jean é o nome da autora original, que , aliás, ajudou a produzir a versão de Beyoncé em 2008.

– “Girls Just Wanna Have Fun”, da Cindy Lauper, é uma versão de… Robert Hazard!

É, nem o arrasa-quarteirão que veio a se tornar o maior hit de Cindy Lauper é original. A versão de “Girls Just Wanna Have Fun” catapultou Cindy ao estrelato, mas quem criou a música foi Robert Hazard, em 1979. Ah, a versão de Hazard nunca foi lançada oficialmente.

– “Tainted Love”, do Soft Cell, nada mais é do que uma cover de… Gloria Jones!

Sim, também existe a versão do Marylin Manson, que a criançada de hoje em dia conhece mais do que o clássico do Soft Cell. Bem, mas nem a versão Soft Cell de 1981 era original: quem criou “Tainted Love” foi Gloria Jones, que a lançou em 1964, como B-Side de “My Bad Boy’s Comin’ Home.”

– “I Love Rock and Roll”, da Joan Jett & The Heartbreakers, é cover de… Arrows!

A música que simboliza o rock’n’roll dos anos 80 e foi coverizada por milhões de pessoas (incluindo aí até Britney Spears) não é de Joan Jett. A versão original é da banda inglesa Arrows, que lançou a canção em 1975. Joan Jett viu a banda durante sua passagem pela Inglaterra e resolveu regravar a música. Acertou na mosca!

– “Don’t Cha”, das Pussycat Dolls, é uma versão de… Tori Alamaze!

A música na real foi escrita por Cee-Lo Green e Busta Rhymes para Tori Alamaze, ex-backing vocal do Outkast. A música foi lançada e tudo, mas ela resolveu sair da gravadora dos caras (“diferenças criativas” e coisas do tipo) e a música foi pras Pussycat Dolls. E deu muito certo.

– A música do Show de Calouros do Sílvio Santos na verdade é cover de… “Those Were The Days!”

Sim sim, a música que apresentava todos os jurados do Show de Calouros (Pedro de Lara, Sônia Lima, Sérgio Mallandro, Wagner Montes, Flor e… bom, são tantos. Ah, a nostalgia) era apenas uma cover de “Those Were The Days”, que foi lançada por Mary Hopkin em 1968. A música nada mais é que uma versão em inglês para a música russa “Dorogoi dlinnoyu”. Ah, e a versão dos Leningrad Cowboys é incrível:

O que andei ouvindo – 26/01 a 02/02/2015

– Red Hot Chili Peppers – Peguei esta semana para ouvir o resto das “I’m With You Sessions”, os Lados B do último disco da minha banda preferida. Algumas músicas são bem bacanas, mas no geral é tudo bem experimental, talvez pela presença do recém-guitarrista Josh Klinghoffer. Pouco material que mereceria virar single, porém muita coisa interessante no que parece um pouco do que foram as jams para a criação do disco de 2011.

– Love and Rockets – Fui na Feira de Discos da Locomotiva Discos e comprei o “Earth, Sun, Moon” do Love and Rockets por R$ 10 sem fazer ideia do que o disco continha. (Aliás, sempre tô fazendo isso, comprar discos pela capa, quando estão baratos). Foi minha melhor escolha: o disco é incrível e eu ouvi umas 3 ou 4 vezes esta semana.

– Titãs – Ouvi bastante o “Jesus Não Tem Dentes No País dos Banguelas” e “Õ Blésq Blóm”, dois ótimos discos da banda ainda completa, com 8 integrantes e muita criatividade.

Músicas para embalar os seus domingos e esquecer das segundas

4264487946_02befdf542

Domingo. Um dos dias mais odiados da semana. Não pelo domingo em si, mas por preceder o primeiro dia útil, ele é até mais triste que a inevitável segunda. E por este motivo, é um dos dias com grandes músicas dedicadas a ele. E já que os sentimentos destinados ao primeiro dia da semana não são dos melhores, o mesmo não se pode dizer das canções.

E se seu domingo está sem graça e precisando de uma trilha sonora, deixa comigo.


Faith No More – Easy

Sim, a versão original dos Commodores é incrível, mas a trupe de Mike Patton fez uma versão que me diz muito mais e passa melhor aquele sensação “dominical” que é a intenção aqui. Segundo Lionel Richie, que escreveu a música, ela “se aplica a qualquer pessoa que vive em uma pequena cidade do Sul dos EUA. Pequenas cidades do sul ficam mortas à partir das 23:30 de sábado. Então eu meio que tive que pensar em minhas próprias experiências – de Lionel Richie de Tuskegee, Alabama, onde não há coisas como festas que vão até às 4 da manhã.


 Titãs – Domingo

Acho que, pra mim, esta é a música que mais simboliza este dia tão preguicento. Paulo Miklos fala sobre tradições do domingo brasileiro, como a presença inevitável de Sílvio Santos com sua risada característica na TV (o que acabou atrapalhando sua veiculação via Rede Globo, que não queria citações ao rival) e quase tudo fechado. A música deu nome ao oitavo disco dos Titãs, lançado em 1995.


Queen – Lazy On A Sunday Afternoon

Esta ode à preguiça saiu no disco “A Night At The Opera”, de 1975, e fala basicamente de como o interlocutor ama a preguiça de um domingo à tarde. Curtinha.


David Bowie – Sunday

A faixa que abre o disco “Heathen”, de 2002, marca o retorno de Tony Visconti, que produziu muitos dos discos clássicos dos anos 70. Como o Bowie nunca tentou explicar esta letra, fica difícil querer definí-la. Dê uma ouvida e tente descobrir o que o camaleão quis dizer.


Sonic Youth – Sunday

O primeiro e único single do disco “A Thousand Leaves” trazia Macaulay Culkin em seu clipe. O ator andava meio sumido depois do sucesso de “Esqueceram de Mim”. Segundo o próprio Thurston Moore, o riff principal foi “emprestado” da música “Skeleton” da banda Helium, uma de suas preferidas.


Stone Temple Pilots – Naked Sunday

Sim, domingo é um bom dia pra ficar peladão em casa, porém a música não fala sobre isso. A faixa do disco “Core” fala sobre fé e espiritualidade, perguntando a Deus porque deveríamos confiar nele quando o fim chegar depois de tudo que passamos aqui na Terra. É, uma bad trip pesada do Scott Weiland.


Velvet Underground – Sunday Morning

Esta foi escrita por Lou Reed num domingão por volta das 6 horas da matina. Andy Warhol sugeriu que ele escrevesse sobre a sensação que rola quando o efeito do coquetel de drogas que o rapaz tomava estava passando. Reed não deixou que Nico cantasse essa: ele mesmo cantou, imitando ela.


Oasis – Sunday Morning Call

A primeira música com Noel Gallagher nos vocais desde “Don’t Look Back In Anger” saiu no disco “Standing In The Shoulder Of Giants” e é, novamente, uma balada. A música é sobre pessoas (que Noel não quis citar, mas se desconfia que ele fala de Kate Moss) que apareciam em sua porta de manhã, bem loucas. O clipe é inspirado no filme “Um Estranho No Ninho”.


Jefferson Airplane – Young Girl Sunday Blues

Do terceiro disco do Jefferson Airplane, “After Bathing at Baxter’s”, saiu esta pérola psicodélica dançante. Uma música um pouco mais alegrinha para o seu domingo.


Video Hits – Silvia 20 Horas Domingo

A versão da banda gaúcha Video Hits para a música da fase psicodélica de Ronnie Von é incrível. Diego Medina e sua trupe imprimem uma felicidade próxima à do B-52’s à canção, deixando-a com cara de domingão feliz. Tio Ronnie deve ter ficado orgulhoso dos pupilos. Pena que a banda durou tão pouco…


Tim Maia – Um Dia de Domingo

O vozeirão do rei do soul brasileiro vai bem com qualquer domingo. Faz de conta que ainda é cedo.


Ângelo Máximo – Domingo Feliz

Uma pérola do brega que eu adoro. Essa é pra deixar qualquer domingo feliz. Deixe o preconceito de lado e cante com o Ângelo Máximo que hoje é, sim, o seu dia.

O momento bunda-mole que toda banda atinge

Acho que é melhor eu começar explicando o que eu quero dizer com o título, e depois dissertar sobre o que eu quero dizer com “bunda-mole”. Bom, muitas bandas de rock começam sua carreira com discos crus, pesados, rápidos e mostrando tudo que é a essência musical daquele grupo de pessoas. Todas suas influências, sua pegada e espontaneidade estão ali, impressas. Porém, conforme a carreira vai se desenrolando, o som acaba mudando. Em alguns casos, para direções interessantes, inclusive, mas algo quase sempre acontece: cedo ou tarde eles acabam colocando canções bunda-mole que nunca estariam presentes nos primeiros discos, que carregavam o DNA da banda em seu estado puro.

Explicando um pouco a expressão “bunda-mole” que utilizei: me refiro a músicas mais lentas, baladas, coisas mais “acessíveis” ao público e flertes com estilos “da moda”, deixando o peso de lado e às vezes abandonando completamente tudo que a banda significava. Pressão da gravadora? Vontade de fazer sucesso e aparecer para um público ainda maior? Uma verdadeira mudança de direção criativa? Na minha opinião, as duas primeiras opções me parecem mais críveis, embora o otimismo às vezes me leva a acreditar na terceira.

Se você nunca notou essa guinada bunda-mole que as bandas costumam ter, vamos a alguns exemplos para você comparar. Veja se concorda comigo:

Raimundos
“Nega Jurema” (1º disco – Raimundos – 1994)
“A Mais Pedida” (5º disco – Só No Forévis – 1999)

 

Slipknot
“Surfacing” – (1º disco – Slipknot – 1999)
“Vermillion” – (3º disco – Vol 3 – The Subliminal Verses – 2004)

 

 

The Offspring
“Beheaded” – (1º disco – Offspring – 1989)
“Crusing California” – (9º disco – Days Go By – 2012)

 

Titãs
“Bichos Escrotos” (3º disco – Cabeça Dinossauro – 1987)
“Antes de Você” (13º disco – Sacos Plásticos – 2009)

 

Red Hot Chili Peppers
“No Chump Love Sucker” (3º disco – The Uplift Mofo Party Plan – 1986)
“Californication” – (7º disco – Californication – 1999)

 

Green Day
“2000 Light Years Away” – (2º disco – Kerplunk – 1992)
“Oh Love”  – (9º disco – Uno! – 2012)

 

Goo Goo Dolls
“Up Yours” – (2º disco – Jed – 1989)
“Iris” – (6º disco – Dizzy Up The Girl – 1998)

 

E na sua opinião, porque isso ocorre?
Pressão da gravadora?
Vontade de fazer sucesso a qualquer custo?
Mudança de direcionamento musical?
A famigerada parceria com Rick Bonadio?

Navegação de Posts