Crush em Hi-Fi

Música, trilha sonora, CDs, discos, DVDs, mp3, wmas, flac, clipes, ruídos, barulho, sonzera ou como quer que você queira chamar.

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Os maravilhosos samples obscuros que Moby usou em seu disco “Play”, de 1999

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Em 1999, Moby lançou seu elogiado disco “Play”, o quinto de sua carreira. O álbum chamou a atenção por ter todas as canções licenciadas pelo artista para utilização em comerciais e trilhas sonoras. Ou seja: Moby dominou as paradas e aparecia inclusive nos intervalos comerciais.

Vale a pena garimpar atrás dos samples que Moby usou nas músicas. Muitos deles saem diretamente de gravações antigas e obscuras de soul, blues, gospel e jazz.

“Natural Blues”, lançado como single em 2000 acompanhado por um divertido clipe em animação, foi um dos maiores hits do disco.

Vera Hall gravou “Trouble So Hard” em 1959 no disco “Sounds of The South”. Nascida em 1902 no Alabama, Vera era uma cantora de Folk que cresceu em Livingston e ganhou exposição nos anos 30 com sua voz poderosa.

“Bodyrock”, hit que virou single em 1999 e apareceu até em trilha de Fifa Soccer, veio do finalzinho de “Love Rap”, de 1980, de Spoonie Gee and The Treacherous Three. Você ouve a letra aos 5:32 da música.

“Find My Baby”, último single do disco, foi lançado em fevereiro de 2001, com um clipe cheio de bebês superstars.

A voz do hit veio de “Boy Blue”, um blues incrível de Joe Lee’s Rock, lançado em 1959 pela Atlantic Records.

O mega-hit deprê “Why Does My Heart Feels So Bad” saiu em novembro de 1999 e fez sucesso com mais um clipe de animação que conquistou os espectadores da Mtv.

De onde veio a voz calejada e cheia de dor? The Banks Brothers and The Greater Harvest Back Home Choir, em “He’ll Roll Your Burdens Away”, lançada em 1963. Mesmo a voz “de mulher” que rola na música do Moby vem dessa música, em uma versão com o pitch alterado.

A colaboração com Gwen Stefani “South Side” saiu em 2000 e difere um pouco do restante do álbum, se aproximando mais de um single pop.

A bateria da música vem do The Counts. Você pode ouví-la na música “What’s Up Front That Counts”, de 1971 (aos 6:40):

A ligação improvável entre o hip hop do Doctor MC’s e o rock setentista do Azymuth gerou o hit “Tik Tak”

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Em 1998 o grupo de rap “bate-cabeça” (era assim que eles chamavam) Doctor MC’s, formado por $mokey Dee, MC.A e Dog Jay, lançou o menosprezado disco “Agora A Casa Cai”, um grande álbum que emula o lado mais festeiro do hip hop, sem deixar de lado as sempre presentes críticas sociais que permeiam o rap paulistano.

Neste disco está o maior hit do grupo, “Tik Tak”, cujo refrão você já deve ter ouvido mesmo que não seja ouvite assíduo do Espaço Rap da 105 FM:

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O sample vem diretamente de outro grande hit de um trio, desta vez do também subestimado rock setentista brasileiro. “Linha do Horizonte” está presente no disco “Azimüth”, lançado em 1975 pela Som Livre pela banda Azymuth. Formada em 1973 na cidade do Rio de Janeiro, a banda contava com José Roberto Bertrami, Alex Malheiros e Ivan Conti, o Azymuth teve grande sucesso com a música, que foi incluída na trilha sonora da novela “Cuca Legal”, da Rede Globo, o que alavancou as vendas do disco do trio.

Quando os Beastie Boys juntaram “Sweet Leaf” do Sabbath com “When The Levee Breaks” do Zeppelin

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O primeiro disco dos Beastie Boys, “Licensed To Ill’, colocou o trio em um pedestal. Os três rappers foram alçados à condição de estrelas e fizeram o maior sucesso com clássicos como “No Sleep ‘Til Brooklyn” e a paródia dos headbangers “Fight For Your Right To Party”, além da festeira “Brass Monkey”. O disco vendeu que nem água e a música que abre o álbum com os dois pés na porta amassando latinha de cerveja na testa é “Rhymin and Stealin'”.

Se você reparar bem, conseguirá desvendar os dois samples que, unidos, fizeram desta música uma das melhores aberturas de discos de rap de todos os tempos.

A primeira é a bateria destruidora de John Bonham em “When The Levee Breaks”, do Led Zeppelin. Uma das grandes forças do Zep sempre foi a bateria firme e pesada de Bonham, que deixava qualquer música mais completa. É o caso dessa, do disco “Led Zeppelin IV”, em que a introdução feita pelo baterista é reconhecível na hora. Ah, inclusive essa bateria foi sampleada por mais de 100 artistas, entre eles Eminem, Björk, Dr. Dre, Alphex Twin

Pra deixar a música ainda mais incrível, que tal misturá-la com outros deuses do rock? A segunda música que criou “Rhymin’ and Stealin'” é um clássico do disco “Master Of Reality”, do Black Sabbath. A ode do quarteto inglês à maconha contém os sempre criativos e grudentos riffs sombrios de Tony Iommi, que casaram incrivelmente com a bateria de Bonham. Ou seja: o som dos Beastie Boys é quase um precursor do mashup!

“The Roof Is On Fire”, de Rock Master Scott and the Dynamic Three, é a base de “Hey Boy, Hey Girl”, dos Chemical Brothers

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O single “Hey Boy Hey Girl” foi lançada pela dupla inglesa The Chemical Brothers em 1999 em seu disco “Surrender”. Passou boa parte do ano no topo das paradas, inclusive as da Mtv Brasil, com seu clipe cheio de esqueletos dançantes e transudos.

O sample do refrão “Hey girls, B-boys, superstar DJs, here we go!” veio de “The Roof Is on Fire”, de Rock Master Scott & the Dynamic Three. Lançada em 1984, a música chegou ao nº 5 da parada da Billboard Hot Dance Music/Maxi-Singles Sales.

“The Roof Is On Fire” é lembrada por seu característico refrão:

“The roof, the roof, the roof is on fire!
We don’t need no water
Let the motherfucker burn!
Burn, motherfucker, burn!”

Bom, esse refrão foi também usado pelo Bloodhound Gang em “Fire Water Burn”, segundo single do disco “One Fierce Beer Coaster”, de 1996. A música ficou em #18 na parada Modern Rock Tracks e em #28 na the Mainstream Rock Tracks da Billboard. Ah, e o clipe é em uma festinha animada em um asilo.

Como Fatboy Slim montou “Praise You” com um soul de 1975 e uma faixa de ensaios de piano

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Em 1998, o hit “Praise You”, de Fatboy Slim, dominava as rádios brasileiras. Um refrão repetitivo, um piano que gruda na cabeça e um clipe divertido fazem deste single um dos maiores sucessos de Norman Cook. Está presente em “You’ve Come a Long Way, Baby”, disco de maior sucesso do DJ.

A letra e voz vêm de “Take Yo’ Praise”, música de Camille Yarbrough lançada em 1975 em seu primeiro disco, “The Iron Pot Cooker”. Um soul funky de encher os ouvidos de qualquer um:

Já o piano que permeia toda a música saiu de um ensaio. Sim, do trecho de um ensaio de Hoyt Axton and James B. Lansing Sound Inc., que começa inclusive com risadas na faixa e contém interrupções. Esta jam, “Balance & Rehearsal”, está no disco “Sessions”, de 1973.

O trecho que Fatboy Slim usou começa aos 2min42seg desta faixa:

“Big Pimpin”, de Jay-Z, veio de “Khusara Khusara”, do percussionista egípcio Hossam Ramzy

Novamente, o mundo dos samples nos traz conexões intercontinentais. Afinal, não é sempre que um rapper arranja um sample vindo diretamente do Cairo, no Egito. Lembram de “Big Pimpin'”, sucesso de Jay-Z de 1999? Produzido por Timbaland, o single veio do quarto álbum do rapper, “Vol. 3… Life and Times of S. Carter”. Atingiu a posição #18 na Billboard Hot 100 e #1 na parada Rhythmic Top 40. Jay-Z já não se orgulha muito da letra da música, hoje em dia. “Algumas letras se tornam muito profundas quando você as vê escritas. ‘Big Pimpin’ não. Esta é a exceção. É tipo, eu não acredito que eu disse aquilo. E continuei falando aquilo. Que tipo de animal diria esse tipo de coisa? Lendo aquilo é bem difícil.”

O sample que você ouve e não desgruda da cabeça é de “Khusara Khusara”, tocava na versão de Hossam Ramzy.

O percussionista e compositor egípcio Hossam Ramzy já trabalhou com pessoas como Jimmy Page e Robert Plant, Ricky Martin, Shakira, Rachid Taha e Khaled, entre outros. Além disso, trabalhou com Peter Gabriel na trilha sonora do polêmico “A Última Tentação de Cristo”, de Martin Scorsese. Ah, é casado com a dançarina do ventre brasileira Serena.

“Khusara” na verdade é de Abdel Halim Ali Shabana, nascido em 1929, o que deu até um rolo na época, já que os detentores dos direitos da música ficaram meio putos com o sample do Jay-Z…

Descubra como Tati Quebra Barraco tirou “Boladona” de uma “Lovestory” e dominou as paradas em 2004

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Em 2004, “Boladona” invadiu as rádios, festas e todo canto. Tati Quebra Barraco fazia um hit sem seus habituais palavrões e a letra até que é bem comportada perto de pérolas impublicáveis como “Dako É Bom” e “67 Patinete”.

É lógico que “Boladona” contava com um sample que fazia a música grudar na cabeça:

O que você não sabia é que a progressão de acordes de teclado que você conhece como “Boladona” foi sampleada diretamente de “Lovestory”, música de 2002 da dupla de DJs inglesa Layo & Bushwacka!

Layo é um dos donos da balada The End em Londres, onde Bushwacka (Matthew Benjamin) era DJ. Os dois são contratados da famosa XL Recordings.

O clipe de “Lovestory” é bizarro e parece ter vindo da série freaky japonesa Funky Forest:

“Don’t Phunk With My Heart”, do Black Eyed Peas, veio diretamente da… Índia? Sim, de Bollywood!

black-eyed-peasLembram de quando o Black Eyed Peas era uma bandinha pop até que simpática e divertidinha? Nessa época saiu o arrasa-quarteirão “Don’t Phunk With My Heart”, do disco “Monkey Business” (2006) que tocava em TODAS as festas do mundo, em TODAS as baladas, em toda esquina por onde se passava. Fergie era musa, Will.I.am e os outros dois caras (Apl. de Ap e Taboo) que fazem figuração na banda também estavam por lá, fazendo seus versos.

Bom, se eu te contasse que essa música contém dois samples de música indiana, sendo que um deles mostra que a música é praticamente uma versão traduzida? Pois é.

A introdução da música saiu de “Yeh Mera Dil Pyar Ka Diwana”, de Asha Bhosle, música que saiu da trilha de um filme de Bollywood chamado “Don”, de 1978:

A segunda música sampleada, que é a base para o sucesso do BEP, é “Aye Naujawan Hai Sab Kuchch Yahan”, tambem de Asha Bhosle, trilha de outro filme de Bollywood, “Aprahd”, de 1972. Vale a pena ouvir!

As grandes chupadas do Led Zeppelin (e não, não me refiro às peripécias sexuais do grupo)

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O Led Zeppelin é uma banda incrível. Page, Plant, Jones e Bonham eram um puta quarteto, especialmente pela cozinha Bonham/Jones, que não deixava pedra sobre pedra com uma mistura perfeita de peso e ritmo. Só que o quarteto tinha em suas música incríveis algumas… hm, digamos “inspirações” não declaradas. Ou seja: chupava muita coisa sem dar crédito aos verdadeiros autores.

Por isso, o Led Zeppelin é um dos campeões dos processos por plágio. Sem brincadeira: MUITAS músicas do Zep são consideradas “emprestadas” de outros artistas, e tem algumas que não dá pra negar. O crítico musical Richard Meltzer chegou a dizer que “não há NADA original no Led Zeppelin”. Será?

“Babe, I’m Gonna Leave You” (1969) x “Babe, I’m Gonna Leave You”, de Anne Bredon (1960)

Nesse caso, a letra foi praticamente xerocada da versão original do The Plebs, apesar da música em si ser completamente diferente.

“Dazed and Confused” (1969) x “Dazed and Confused”, de Jake Holmes (1967)

Essa aqui Page já tinha feito cover quando era dos Yardbirds. Com o Zeppelin, chupou o riff, o ritmo e muito mais.

“Black Montain Side” (1969) x “Blackwaterside”, de Bert Jansch (1966)

Page chupinhou total a versão de Bert Jansch para a música tradicional irlandesa “Blackwaterside”. Pra não deixar tão na cara, deixou o negócio instrumental e mudou (um pouquinho) o nome.

“How Many More Times” (1959) x “No Place to Go”, de Howlin Wolf (1959)

O Led Zeppelin só eletrificou a música do Howlin Wolf, mudou umas coisinhas aqui e acolá e deu o toque Zeppeliniano. Pronto, chupada concluída.

“Whole Lotta Love” (1969) x “You Need Love”, de Willie Dixon (1962)

Sim, até um dos maiores sucessos da banda tem seus momentos “inspirados” em outras músicas. Essa eu nem preciso explicar: tem partes da letra que são diretamente chupinhados. Ouça na sequência a música do Zeppelin e a versão de Muddy Waters pra música de Willie Dixon.

“The Lemon Song” (1969) x “Killing Floor”, de Howlin’ Wolf (1966)

Mais uma “inspiração divina” do Zeppelin que veio de Howlin’ Wolf. Riffs e letras similares, novamente

“Bring It On Home” (1970) x “Bring It On Home”, de Sonny Boy Williamson (1963)

“Bring It On Home” é dividida em duas partes. O final é um… cof cof… “tributo” para a música de Sonny Boy Williamson. Adivinha de quem é a música? Willie Dixon, que em 1972 foi incluído nos créditos junto com Page e Plant.

“Hats Off to (Roy) Harper” (1970) x “Shake ‘Em On Down”, de Bukka White (1937)

A música do Led Zeppelin foi bastante… hmmm… “influenciada” pelo bluesman Bukka White.

“Since I’ve Been Loving You” (1970) x “Never”, de Moby Grape (1968)

Essa aqui acho que até dá pra perdoar o Zeppelin e pode ser que nem seja um plágio, afinal, é apenas um ritmo de blues clássico… Vai saber.

“Custard Pie” (1975) x “Drop Down Mama”, de Sleepy John Estes (1935)

As letras têm um pouco da música de 1935 e também de “Shake ‘Em On Down” de Bukka White (sim, outra vez), e “I Want Some Of Your Pie” de Blind Boy Fuller.

“In My Time Of Dying” (1975) x “In My Time Of Dying”, canção gospel

Por essa aqui é meio incrível que o Led Zeppelin nunca tenha levado um processo. É uma versão de uma música gospel conhecidíssima, que ganhou diversas covers (entre elas, uma versão feita por Bob Dylan). Na versão Zeppelin, é creditada aos quatro membros da banda.

“Stairway to Heaven” (1971) x “Taurus”, do Spirit (1968)

O comporisitor de “Taurus” Randy California, tá até hoje tentando tirar grana do Zeppelin pelo suposto plágio ao Spirit. Aliás, o Led Zeppelin abriu shows para o Spirit em sua turnê americana no começo da carreira. Será?

“Good Times”, a linha de baixo do Chic que praticamente TODO MUNDO já sampleou

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“Good Times” é uma das músicas mais perfeitas para o sample. O groove do baixo da canção do Chic era usada desde os tempos mais primórdios nas turntables, servindo como uma base incrível para rappers despejarem sua verborragia. A música foi lançada em 1979, na efervescência das “block parties” de Nova York que ajudaram a pavimentar o caminho do rap como estilo musical.

Quantas músicas samplearam a linha de baixo incrível de Bernard Edwards? Por volta de 150, mas não dá pra saber exatamente. O mais famoso som que usou o sample foi, sem dúvida, “Rappers Delight”, da Sugarhill Gang, lançado no mesmo ano. No começo, Nile Rodgers foi contra o sample, e a Sugarhill Gang, em vez de brigar, preferiu se acertar: deram total crédito aos caras, e Rodgers e Edwards aparecem nos créditos como autores da música. Foi um dos primeiros raps a estourarem nas paradas e até hoje rola muito bem em festas.

Aqui no Brasil, uma das mais populares músicas que usam o baixo do grupo de Nile Rodgers é “2345meia78”, sucesso de Gabriel, o Pensador no disco “Quebra-Cabeça”, de 1997. Gabriel escreveu a música “meio na brincadeira” em 1996 e ela se tornou um hit, ficando em 17º lugar entre as músicas mais tocadas de 1997. Telefones com o número do título (234-5678) acabaram sendo vítimas de inúmeros trotes depois de seu lançamento:

Ah, e lógico que rolou o dito “primeiro rap do Brasil”, o clássico “Melô do Tagarela”, cantado por ninguém menos que Miéle. O som saiu em um compacto simples em 1980, e na verdade é uma versão de “Rappers Delight”.

Alguns dizem que o Queen “se inspirou” (ou chupinhou mesmo) o Chic com “Another One Bites The Dust”. Não dá pra negar que sim, é parecido… Bernard Edwards falou para a NME: “Bom, aquela música do Queen aconteceu porque o baixista (John Deacon) passou algum tempo com a gente em nosso estúdio. Mas tudo bem. O que não está tudo bem é que a imprensa começou a falar que a gente plagiou eles! Dá pra acreditar? ‘Good Times’ saiu mais de um ano antes, mas era inconcebível para esse pessoal que músicos negros podiam inovar desse jeito”.

Bom, não parou por aí. Vamos a alguns dos sons que também usaram “Good Times” como base:

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