Crush em Hi-Fi

Música, trilha sonora, CDs, discos, DVDs, mp3, wmas, flac, clipes, ruídos, barulho, sonzera ou como quer que você queira chamar.

Arquivo para a tag “Black Sabbath”

Quando os Beastie Boys juntaram “Sweet Leaf” do Sabbath com “When The Levee Breaks” do Zeppelin

Beastie-Boys-Beer_610

O primeiro disco dos Beastie Boys, “Licensed To Ill’, colocou o trio em um pedestal. Os três rappers foram alçados à condição de estrelas e fizeram o maior sucesso com clássicos como “No Sleep ‘Til Brooklyn” e a paródia dos headbangers “Fight For Your Right To Party”, além da festeira “Brass Monkey”. O disco vendeu que nem água e a música que abre o álbum com os dois pés na porta amassando latinha de cerveja na testa é “Rhymin and Stealin'”.

Se você reparar bem, conseguirá desvendar os dois samples que, unidos, fizeram desta música uma das melhores aberturas de discos de rap de todos os tempos.

A primeira é a bateria destruidora de John Bonham em “When The Levee Breaks”, do Led Zeppelin. Uma das grandes forças do Zep sempre foi a bateria firme e pesada de Bonham, que deixava qualquer música mais completa. É o caso dessa, do disco “Led Zeppelin IV”, em que a introdução feita pelo baterista é reconhecível na hora. Ah, inclusive essa bateria foi sampleada por mais de 100 artistas, entre eles Eminem, Björk, Dr. Dre, Alphex Twin

Pra deixar a música ainda mais incrível, que tal misturá-la com outros deuses do rock? A segunda música que criou “Rhymin’ and Stealin'” é um clássico do disco “Master Of Reality”, do Black Sabbath. A ode do quarteto inglês à maconha contém os sempre criativos e grudentos riffs sombrios de Tony Iommi, que casaram incrivelmente com a bateria de Bonham. Ou seja: o som dos Beastie Boys é quase um precursor do mashup!

E se aquele disco clássico virasse um livro? O designer gráfico Christopher Gowans mostra em “The Record Books”

E se você pudesse ler os quadrinhos “Master of Puppets“, ou o livro “Brothers In Arms”, ou até a grande obra literária “The Dark Side of the Moon”? Foi isso que o designer gráfico Christopher Gowans imaginou, criando diversas capas para livros, revistas e publicações inspiradas em grandes clássicos da música em seu projeto “The Record Books”. Mesmo as capas mais icônicas, como “Abbey Road” foram “transformadas” para parecerem com capas de best sellers pelo artista.

O mais legal é que ele evita seguir o que você espera se já é conhecedor das obras. “Are You Experienced?”, do Jimi Hendrix Experience, vira um livro empresarial dos mais coxinhas, por exemplo. Já “How To Dismantle An Atomic Bomb”, do U2, vira uma apostila e “Horses”, da Patti Smith, um almanaque infantil sobre cavalos. Ah, em cada “livro” existe a sinopse ou uma pequena descrição de onde ele teria sido encontrado. Dá uma olhada no projeto:

"Arquivo encontrado em um tribunal recentemente em desuso na fronteira francesa/italiana perto de Ventimiglia. Ele estava sendo usado, aparentemente, para parar uma mesa de cozinha de balanço"

“Arquivo encontrado em um tribunal recentemente em desuso na fronteira francesa/italiana perto de Ventimiglia. Ele estava sendo usado, aparentemente, para aparar uma mesa de cozinha que estava balançando”

O trajeto de glória na autobiografia de Bruce Springsteen Reginald Grayson. A história de sua ascensão da miséria até o bronze nos Jogos Olímpicos de 1932 em Los Angeles e... bem, é um livro bastante chato."

O trajeto de glória na autobiografia de Bruce Springsteen Reginald Grayson. A história de sua ascensão da miséria até o bronze nos Jogos Olímpicos de 1932 em Los Angeles e… bem, é um livro bastante chato.”

"O polêmico pensador radical dos 60s Kenton 'Sonic' Youth fala sobre a recusa de abraçar a maré de filosofias da Costa Oeste em seu país natal, Papua Nova Guiné."

“O polêmico pensador radical dos 60s Kenton ‘Sonic’ Youth fala sobre a recusa de abraçar a maré de filosofias da Costa Oeste em seu país natal, Papua Nova Guiné.”

"Livro de referência completas e claras para crianças a respeito de todas as coisas sobre eqüinos. Infelizmente, muitas das ilustrações foram desfiguradas por rabiscos e desenhos infantis."

“Livro de referência completas e claras para crianças a respeito de todas as coisas sobre eqüinos. Infelizmente, muitas das ilustrações foram desfiguradas por rabiscos e desenhos infantis.”

"A história de duas irmãs católicas crescendo em uma Grã-Bretanha em transição do pós-guerra. Adivinhem? Ela não termina bem."

“A história de duas irmãs católicas crescendo em uma Grã-Bretanha em transição do pós-guerra. Adivinhem? Ela não termina bem.”

"O carismático whizkid de Harvard, Hendrix tem aqui uma bíblia de auto-ajuda. Um spin-off de seu reality show de sucesso fenomenal  'The Experience'."

“O carismático whizkid de Harvard, Hendrix tem aqui uma bíblia de auto-ajuda. Um spin-off de seu reality show de sucesso fenomenal ‘The Experience’.”

"Thriller rápido de 1958: um condutor sequestra um trem de metrô de Nova York para se vingar de seu rival e ameaçar a vida de sua ex-amante. As últimas 30 páginas estão faltando. Não sei se ela sobrevive."

“Thriller rápido de 1958: um condutor sequestra um trem de metrô de Nova York para se vingar de seu rival e ameaçar a vida de sua ex-amante. As últimas 30 páginas estão faltando. Não sei se ela sobrevive.”

Mais um thriller sangrendo do prolífico Jackson. Neste stalkerfest implacável, detetive particular Dwight Blackman persegue o assassino "Shamone" pela 3ª vez. Irá o psicopata escapar pelos dedos do detetive mais uma vez?"

Mais um thriller sangrendo do prolífico Jackson. Neste stalkerfest implacável, detetive particular Dwight Blackman persegue o assassino “Shamone” pela 3ª vez. Irá o psicopata escapar pelos dedos do detetive mais uma vez?”

"Um pequeno volume de encantamentos ocultistas. Nenhum deles funciona, no entanto."

“Um pequeno volume de encantamentos ocultistas. Nenhum deles funciona, no entanto.”

"Quando uma forma de chuva ácida, causada por um cometa em Urano, parece impedir o crescimento de todos os seres vivos na Terra, a própria existência da humanidade está no fio da navalha. Quando um grupo de pigmeus perceber que o pêssego é a única planta não afetada, eles encontraram uma nova sociedade, com o caroço de pêssego como a sua moeda."

“Quando uma forma de chuva ácida, causada por um cometa em Urano, parece impedir o crescimento de todos os seres vivos na Terra, a própria existência da humanidade está no fio da navalha. Quando um grupo de pigmeus perceber que o pêssego é a única planta não afetada, eles encontraram uma nova sociedade, com o caroço de pêssego como a sua moeda.”

"Mistério de assassinato. O detetive agorafóbico dinamarquês, Jörnn Angstmar, investiga uma série de mortes por veneno em um clube de  palavras cruzadas de Copenhagen."

“Mistério de assassinato. O detetive agorafóbico dinamarquês, Jörnn Angstmar, investiga uma série de mortes por veneno em um clube de palavras cruzadas de Copenhagen.”

"Destinado a crianças com idades entre 8-12, esta encantadora série americana seguiu Rosa em suas aventuras idiossincráticas de coelho. Em Surfer Rosa, ela consegue criar um novo truque que envolve o uso de sua cauda como leme. Outros livros da série mostram a coelhinha em dança de salão e mesmo sendo uma veterinária!"

“Destinado a crianças com idades entre 8-12, esta encantadora série americana seguiu Rosa em suas aventuras idiossincráticas de coelho. Em Surfer Rosa, ela consegue criar um novo truque que envolve o uso de sua cauda como leme. Outros livros da série mostram a coelhinha em dança de salão e mesmo sendo uma veterinária!”

"Manual de instruções para uma marca obscura de computador pessoal. Ligeiramente amarelada, mas completamente sem uso, como a máquina em si, que nunca funcionou. Na verdade, ao abrir-lo para consertá-lo, verificou-se que não têm partes de trabalho de qualquer tipo. Na verdade, continha um tijolo."

“Manual de instruções para uma marca obscura de computador pessoal. Ligeiramente amarelada, mas completamente sem uso, como a máquina em si, que nunca funcionou. Na verdade, ao abrir-lo para consertá-lo, verificou-se que não têm partes de trabalho de qualquer tipo. Na verdade, continha um tijolo.”

"Thriller policial no submundo de Birmingham. O enredo gira em torno de uma quantidade de Quaaludes escondidos em caramelos roubado. E strippers."

“Thriller policial no submundo de Birmingham. O enredo gira em torno de uma quantidade de Quaaludes escondidos em caramelos roubado. E strippers.”

"Dois livros do escritor de crime popular e prolífico May Mercury. Originalmente escritas na década de 1930, essas reedições foram impressas no final dos anos 60. O mordomo não é o culpado em nenhuma das histórias, aliás."

“Dois livros do escritor de crime popular e prolífico May Mercury. Originalmente escritas na década de 1930, essas reedições foram impressas no final dos anos 60. O mordomo não é o culpado em nenhuma das histórias, aliás.”

"Whodunnit sangrento feito por um autor prolífico francês do pano cuja predileção por gore obrigou-o a escrever sob um pseudônimo para que seus leitores - e, na verdade, seus superiores - perdessem a fé nele."

“Whodunnit sangrento feito por um autor prolífico francês do pano cuja predileção por gore obrigou-o a escrever sob um pseudônimo para que seus leitores – e, na verdade, seus superiores – perdessem a fé nele.”

"Manual científico alternativo dos anos 60. Professor californiano Floyd alcançou enorme sucesso com este estudo da influência da Lua sobre o ciclo menstrual. Na verdade, ele foi capaz de fundar sua própria faculdade, especializado no estudo de fertilidade das mulheres. A faculdade não existe mais. Ela foi fechada em 1972, tendo sido arrasada por uma multidão de maridos irritados."

“Manual científico alternativo dos anos 60. Professor californiano Floyd alcançou enorme sucesso com este estudo da influência da Lua sobre o ciclo menstrual. Na verdade, ele foi capaz de fundar sua própria faculdade, especializado no estudo de fertilidade das mulheres. A faculdade não existe mais. Ela foi fechada em 1972, tendo sido arrasada por uma multidão de maridos irritados.”

"Novela sedutora sobre a amizade entre um magnata da imprensa e um rapaz órfão que ele conhece enquanto engraxa seus sapatos. Não o magnata, o rapaz. O rapaz estava engraxando seus sapatos. Os sapatos do magnata. Não seus próprios sapatos, isso não faria sentido. O rapaz estava engraxando os sapatos do magnata. E ele fez amizade com ele. O magnata. Fez amizade com o menino, o rapaz."

“Novela sedutora sobre a amizade entre um magnata da imprensa e um rapaz órfão que ele conhece enquanto engraxa seus sapatos. Não o magnata, o rapaz. O rapaz estava engraxando seus sapatos. Os sapatos do magnata. Não seus próprios sapatos, isso não faria sentido. O rapaz estava engraxando os sapatos do magnata. E ele fez amizade com ele. O magnata. Fez amizade com o menino, o rapaz.”

"Terceira edição de título de curta duração da Elektra Comics. Mesmo para um gênero de fantasia, as histórias eram vistos como exageradas pelo público."

“Terceira edição de título de curta duração da Elektra Comics. Mesmo para um gênero de fantasia, as histórias eram vistos como exageradas pelo público.”

"Spin-off baseado no programa de TV de mesmo nome, onde concorrentes que têm de decidir se mentem sobre suas recentes atividades diárias, sem saber se eles tinham realmente estado sob observação secreta. Hilariante. O livro conta com a participação do mascote do programa, "Ozzy CC ', a câmera de segurança de circuito fechado."

“Spin-off baseado no programa de TV de mesmo nome, onde concorrentes que têm de decidir se mentem sobre suas recentes atividades diárias, sem saber se eles tinham realmente estado sob observação secreta. Hilariante. O livro conta com a participação do mascote do programa, “Ozzy CC ‘, a câmera de segurança de circuito fechado.”

Veja mais livros (ou discos) do artista aqui: http://ceegworld.com/the-record-books/

“As rádios estão acomodadas com música de fácil assimilação”, explica o jornalista e apresentador Gastão Moreira

11050295_900588469961957_6628256578560375185_n

A Mtv revelou diversos talentos em sua primeira fase, com jornalistas musicais incríveis, apresentadores diferentes de tudo que a TV já mostrou e apresentadores que fugiam do lugar comum. Entre os destaques da saudosa Mtv Brasil estava Gastão Moreira, o cara que mais falava de rock (com muita propriedade) na emissora, apresentando programas como “Gás Total” e “Fúria Metal”, tendo trabalhado na emissora musical de 1990 a 1999.

Ao sair da Mtv, em 1999, Gastão fez história com o programa Musikaos na TV Cultura, onde apresentava bandas ao vivo com platéia e muito rock, apostando em bandas novas e na cena underground brasileira. Com o fim do programa, o jornalista (advogado de formação) mudou-se para Florianópolis, onde apresentou o programa Gasômetro na Rádio Atlântida. O mesmo programa agora está na Kiss FM de São Paulo, para onde o ex-VJ voltou, sendo apresentado às segundas-feiras ao meio-dia.

Além do programa Gasômetro, Gastão também possui o projeto República do Kazagastão, canal no Youtube onde junto com Clemente apresenta a segunda temporada o programa Heavy Lero, que fala de rock em todas suas vertentes e apresenta discos e histórias incríveis para quem gosta de música.

Conversei um pouco com Gastão sobre sua carreira, o mundo do rock nos dias de hoje e os novos rumos do jornalismo musical no Brasil:

– O Heavy Lero está em sua segunda temporada no Youtube. Como você definiria o programa?

Um dos últimos focos de resistência da música sem prazo de validade.

– Você acha que o Youtube é o novo canal para programas que não atingem o “grande público” atingirem seu público-alvo?

Hoje em dia o Youtube é a única possibilidade de ter um programa para falar de rock com liberdade de conteúdo.

– O República do Kazagastão não é só o Heavy Lero, estou certo? Teremos outros quadros?

Também temos vídeos históricos tirados dos meus arquivos, entrevistas e sugestões de bandas novas.

– Saiu Bento Araújo, entrou Clemente. Qual será o peso dessa mudança de escalação para o Heavy Lero?

O programa ficou menos teórico e mais informal.

– Fale um pouco sobre o Gasômetro, seu programa na Kiss FM.

Faço um programa caótico que prioriza a música tocada. Tocar as coisas que eu toco é uma missão musical.

– Falta um pouco disso nas rádios FM hoje em dia? Você acha que a programação das rádios está saturada apenas com hits repetidos e dá pouco espaço ao novo e ao diferente?

As rádios, em geral, estão acomodadas com música de fácil assimilação. O público está cada vez menos exigente.

– O Musikaos era um programa que colocava bandas pra tocar ao vivo e dava espaço também para bandas do circuito alternativo e underground, como o Matéria Prima fazia no passado. Porque esse tipo de programa sumiu da TV brasileira?

Talvez o grande público tenha perdido interesse na arte autoral e se satisfaça com o popularesco…

– Você voltaria a fazer algum projeto para a TV?

Só se tivesse controle sobre o conteúdo.

– Vi sua participação no programa “Todo Seu”, do Ronnie Von, comentando o Grammy. Podia ser colunista fixo de música lá, hein?

(Risos) Tenho andado muito ocupado, não consigo nem dar conta dos meus projetos…

11042667_899763390044465_7049142775205279044_n

– Existe espaço para uma nova cena rocker no Brasil?

Sim, mas se encontra nas entrelinhas. e garanto que tem muita banda boa, de norte a sul!

– O rock atual está fadado a permanecer no underground ou você acha que pode voltar às paradas de sucesso? Existe um ciclo?

Acho pouco provável que o rock volte a figurar nas paradas nos próximos 5 anos.

– Quais foram suas entrevistas preferidas dos tempos de Mtv?

Angus Young, Aerosmith, Sabbath e Liv Tyler (por motivos óbvios)! (risos)

– E as piores entrevistas?

Acho que foi o the Cult.

– Qual o seu programa preferido dos tempos em que trabalhou na Mtv?

Gostava muito do Lado B.

– A influência da Mtv Brasil faz falta à cena musical de hoje em dia?

Falta um veículo que trate a música com dignidade.

– Qual a sua opinião sobre a febre de reality shows musicais cheios de firulas vocais?

A maioria dos candidatos parece ter saído da mesma fôrma! falta muita sarjeta para chegar lá…

– Recomende algumas bandas que você descobriu recentemente e que todo mundo deveria ouvir.

Sleepy Sun, Black Mountain, Howlin Rain, Graveyard, Blues Pills…

Electric Parlor continua apostando na longa vida do rock’n’roll dos 70s: “Queremos dominar a porra do mundo!”

10502440_302199219951003_416451932028920530_n

Não, o rock não morreu. Ah, e o rock setentista continua também muito vivo e bem de saúde, sim senhor. O Electric Parlor, formado em Los Angeles em 2012, faz um som que parece diretamente vindo de 1975, quando o rock ainda não usava tantos sintetizadores e o autotune ainda era um sonho na imaginação de algum músico sem talento.

Formado por Monique Alvarez (vocais), Zachary Huling (bateria), Kris Farr (guitarra) e Josh Fell (baixo), a banda busca tocar rock’n’roll em seu estado mais puro no volume mais alto que conseguirem. Com um vocal feminino muito competente e um instrumental que mistura Sabbath com Zeppelin e bebe da fonte bluesy que ambas bandas adoram, o Electric Parlor só quer sair tocando pelo mundo e espalhando o rock por aí.

Conversei com a banda sobre rock, os anos 70, Los Ângeles e como a internet facilitou a propagação da música:

– Como a banda começou?

O Electric Parlor começou em um anúncio procurando músicos na Craigslist. Monique cresceu aqui (em Los Angeles), mas o resto de nós veio de outras partes do país. Com o desejo mútuo de começar uma banda de rock’n’roll, fomos para a internet encontrar músicos com a mesma ideia. Depois de vários desencontros com músicos, jams de improviso e histórias dignas de Spinal Tap, trombamos uns com os outros e a conexão musical entre nós era inegável.

– Então, vocês estão tentando “trazer o rock and roll de volta”. Isso implica que o rock and roll estava morto?

Não, não realmente. Ele mudou, evoluiu, mas nunca morreu. Na verdade, pra nós nunca foi realmente sobre trazer nada de volta. Esta é apenas a nossa interpretação do rock’n’roll e de como nós acreditamos que ele deve soar. Nos primeiros dias do rock’n’roll, ele existia às margens da sociedade como uma mistura de blues, soul e outros elementos de raiz com muita atitude e angústia. Era tão contra-cultura quanto o movimento hippie ou o movimento dos direitos civis que aquele período de renascença realmente permitiu que florescesse. Esse rock’n’roll dos primórdios é o que realmente nos inspira, porque inegavelmente há uma convicção, energia e algo muito genuíno sobre ele.

– Eu amo que suas músicas são calcadas no rock dos anos 70. Você acha que os anos 70 são a melhor década para o rock?

Em termos de rock’n’roll puro e sem alterações, sim! Mas isso é muito subjetivo, para ser honesto. Talvez ele atingiu o pico na década de 70, havia tantos artistas incríveis que surgiram durante essa década. No entanto, achamos que definitivamente devem ser homenageados muitos dos artistas de 50 & dos anos 60 que construíram essa base. No fim das contas, é muito subjetivo e realmente depende de como você define o gênero.

10659362_329035133934078_6899899058132095763_n

– Quais são as suas principais influências musicais?

Cara! Há tantos para a lista… Todos nós temos algumas influências em comuns do rock dos anos 60 e 70, tais como Creedence Clearwater Revival, Black Sabbath, Led Zeppelin, etc. Mas todos nós também temos o nosso estilos e influências individuais que nos influenciaram. Monique curte bastante acid rock e garage rock, Zach gosta um pouco mais de indie mais rock contemporâneo, Kris ouve Americana depois faz jams com Josh com algumas das coisas doom de John Entwistle. É bem variado. Mas todos os diferentes elementos ajudam a criar algo único, ainda que com foco nos velhos blues, soul e rock’n’roll.

– Como é o seu processo de composição?

Tudo começa com uma pequena ideia ou pedaço. Pode ser qualquer coisa, desde uma batida, uma melodia vocal, letra, riff de guitarra ou baixo. Dai, fazemos uma jam sobre aquilo até que se transforma em uma música ou uma viagem musical de oito minutos. Nós preferimos o último (risos). Às vezes, a música fica pronta rapidamente e às vezes leva meses. Tentamos não forçar nada.

– Lady Gaga está cantando com Tony Bennett. Rihanna tocando com Paul McCartney. A música pop está voltando aos dias pré-autotune?

Se a internet foi para músicos financeiramente falando é discutível. Mas ela tem sido muito benéfica para expor música que talvez nunca teria tido chance sem as grandes gravadoras. Como tal, há tanta concorrência e achamos que as pessoas estão começando a ver um pouco da natureza hipócrita de alguns do mundo da música pop. Auto-tuning, ghost writers, lip synching… Há tanta coisa que você pode tomar como exemplo. Achamos que esses músicos mais velhos fazendo parcerias com músicos de hoje são uma boa maneira de mostrar o talento tanto dos novos como dos antigos. Afinal, todo grande músico ou artistas aprecia a história da música e aqueles que vieram antes deles.

996023_208496695987923_976679151_n

– Como você se sente sobre a música que está sendo lançada hoje em dia?

Há um monte de música ótima sendo lançada a cada semana, cada mês. A única coisa é que você tem que se esforçar para encontrá-las. Somos alimentados na boca com a merda das músicas do top 40, e é fácil para sentar e deixar que fique grudada em sua cabeça e achar que é uma boa música. Mas há muuuuito muito mais por aí! Músicos de verdade, que escrevem suas próprias canções e tocam seus próprios instrumentos. Blogs, como a seu, são ótimos lugares para encontrar novas músicas também, e espalhar a palavra.

– Então, vocês são de LA. Como é que a cidade dos anjos influencia suas músicas?

Bom, LA definitivamente nos ajuda a não nos importarmos muito com as coisas. Há uma tonelada de outras bandas aqui, é um lugar bonito e louco. Nós absolutamente amamos LA. Mas você não pode ficar entantado e sempre comparar-se a todos os outros ao seu redor. Você tem que confiar em seu som e não realmente se preocupar com o que os outros vão pensar ou dizer. É definitivamente um estado de espírito, algo de superioridade; uma autoconfiança de que você tem que pensar que tem para realmente se encontrar. Zero fucks to give. Achamos que você pode ouvir um pouco disso em algumas das músicas.

– Estou conhecendo um monte de bandas novas que tocam um som inspirado no rock/power pop dos 70s. Os anos 70 estão voltando?

Quem sabe? Acho que o que o importante é que você seja você mesmo e use o que quer vestir e seja quem você quer ser, porque isso é exatamente o que você é, e você não está tentando ser ou soar como alguém ou alguma coisa. Pegue suas influências e faça algo de novo para o mundo a partir disso, não apenas reproduza.

– A cultura do “álbum” está morta? Será que as pessoas só ouvir singles hoje em dia?

A melhor coisa sobre o vinil é que te obriga a sentar e ouvir o álbum inteiro. Artistas faziam um álbum e era como um livro, cada música é como um capítulo e uma fotografia que mostra como eles eram como banda naquele momento. Era ótimo em inspirar a imaginação também. Porém, os singles sempre foram glorificados. Uma ou duas faixas do álbum que iriam chamar a atenção de massa e tocar no rádio. Achamos que a internet criou um meio que permitiu que o single seja obtido facilmente sem ter que comprar todo o álbum. Isso é uma coisa boa ou ruim? Quem sabe? É discutível, sendo que ambos os lados têm pontos válidos. Nosso álbum de estréia é uma história, uma viagem que é ranzinza, angustiada, agressiva e às vezes até alegre. Ele captura nosso momento, tudo o que aconteceu para criar nossos sons. E nós amamos essa mentalidade quando se trata de escrever e gravar um álbum. Em LA, e muitos lugares em todos os EUA, você verá uma nova tendência de toca-discos, novos, que estão sendo vendidos em alguns pontos hipster. Você vê álbuns contemporâneos, grandes bandas de nome e menores indies também, tudo sendo lançado em vinil agora, e ir à lojas de discos caçar registros antigos ainda é um hobby de muitas pessoas. Então, nós definitivamente não diríamos que esta cultura morreu.

– Quais são os próximos passos do Electric Parlor?

Dominar a porra do mundo com rock’n’roll! (Risos) Não, mas sério, nós adoraríamos fazer uma turnê pelo mundo e tocar onde e quando quiséssemos, para sempre. Nós queremos fazer parte dos melhores.

– Quais novas bandas chamaram a atenção de vocês recentemente?

Existem várias bandas modernas que tiveram efeitos incríveis em nós – de gêneros diferentes, claro. Nós realmente gostamos de bandas como os Black Keys, Alabama Shakes, Rival Sons, Kadavar, Blues Pills, Electric Wizard, Radio Moscow… apenas para citar algumas. Estamos sempre felizes de ouvir qualquer tipo de música. A chave é abrir a mente e só daí determinar o que você gosta, e não o contrário.

Ouça o som do Electric Parlor aqui: http://www.electricparlormusic.com/

10850100_364055797098678_7808603905532439728_n

O rock setentista segue vivão e vivendo depois de 2010

Os infinitos garimpos musicais nos trazem surpresas incríveis, para bem ou mal. Nas minhas peregrinações em bandas novas, encontrei (ou me indicaram) algumas que têm o som calcado lá nos anos 70. Cheios de inspirações de Black Sabbath, Led Zeppelin, Rolling Stones e Deep Purple, estes caras mantêm o rockão setentista vivo e chutando bundas depois de 40 anos. Separei três que me chamaram a atenção e não consigo parar de ouvir.

Kadavar – Até o logo da banda é mais anos 70 que calça boca-de-sino e bigode. Vindo da Alemanha, o Kadavar bebe bastante na fonte do Black Sabbath, sendo que algumas músicas não fariam feio dentro de álbuns como “Sabotage” ou “Vol. 4”. A banda de Berlin é formada por Lupus Lindemann na voz e guitarra, Simon “Dragon” Bouteloup no baixo e  Tiger na bateria. O trio começou em 2010 e tem dois discos: Kadavar, de 2012, e Abra Kadavar, de 2013. Tony Iommi e Geezer Butler ficariam orgulhosos.

Horisont – Se você vir alguma foto da banda sueca Horisont, vai jurar que eles vieram diretamente de 1976. Bigodes, cabelos compridos, coletes e jaquetas surradas fazem parte do visual do quinteto, que conta com Axel Söderberg nos vocais, Charlie Van LooKristofer Möller nas guitarras, Magnus Delborg no baixo e Pontus Jordan na bateria. As influências mais aparentes no som são o proto-metal do começo dos 70s e bandas como Thin Lizzy.

Blackberry Smoke – Essa já bebe bem na fonte do AC/DC lá do começo, Lynyrd Skynyrd e ZZ Top. Americanos de Atlanta/Georgia, o quinteto começou em 2004 e tem três discos lançados: Bad Luck Ain’t No Crime (2004), Little Piece of Dixie (2009) e The Whippoorwill (2012). Formada por Charlie Starr (vocal/guitarra), Richard Turner (baixo/backings), Brit Turner (bateria), Paul Jackson (guitarra/backings) e Brandon Still (teclados), o Blackberry Smoke já participou até de um evento beneficiente com  todo o elenco da série Sons of Anarchy em 2012. Fazem parte do elenco da gravadora de Zac Brown, líder da Zac Brown Band.

O nome da música é o nome da banda e vice-versa

Music Composition Web Banner

Eu sinceramente não sei porque artistas resolvem dar a uma de suas músicas o próprio nome escolhido para a banda. Será que a música veio antes, e o nome pegou? Será que é preguiça de dar um nome? Será que a tal da canção consegue exprimir toda a alma da banda? Bom, cada uma tem a sua história e motivo (ou a falta de um). No fim, muitas das bandas que a gente adora usaram este artifício.


Black Sabbath – Black Sabbath

A primeira música do primeiro disco do Black Sabbath, também auto-intitulado. Neste caso, o nome da música veio antes, quando a banda ainda chamava Earth. Com o som “tenebroso” da faixa, o Sabbath mudou sua forma de fazer música e assumiu o nome.


Green Day – Green Day

A música “Green Day” está no primeiro disco da banda, “39/Smooth”, bem antes da explosão de “Dookie”. Provavelmente também foi composta quando a banda ainda chamava Sweet Children e acabou virando o nome oficial do trio.


Motörhead – Motorhead

Essa é fácil: foi composta por Lemmy Kilmister quando ele ainda era do Hawkind, que gravou a música em 1975 como B-Side de “Kings of Speed”. Quando Lemmy saiu da banda, foi fácil achar o nome para seu novo projeto.


Atari Teenage Riot – Atari Teenage Riot

Esta aqui foi o primeiro single da banda, antes mesmo do disco “Delete Yourself”. Provavelmente é uma carta da banda ao público falando em uma música qual é a ideia do som deles. RIOT!


They Might Be Giants – They Might Be Giants

O nome da banda antes era El Grupo de Rock and Roll, mas mudou pro nome da música They Might Be Giants, nome de um filme de 1971.


Iron Maiden – Iron Maiden

O nome da banda veio do popular instrumento de tortura que Steve Harris viu no filme “O Homem da Máscara de Ferro”. A música saiu no primeiro disco da banda, auto-intitulado.


Bad Religion – Bad Religion

“Bad Religion” do Bad Religion faz parte do disco “Bad Religion”, de 1981. Quem veio primeiro, o ovo ou a galinha?


Pennywise – Pennywise

“Pennywise”, que leva o nome do palhaço assassino de It, obra de Stephen King, saiu no primeiro disco da banda Pennywise, de 1991. É claro que o nome do disco não podia ser outro: “Pennywise”.


Body Count – Body Count

Ice-T disse que se inspirou no Black Sabbath para criar o Body Count. A música “Body Count” é do disco de estreia do projeto do mesmo nome, que saiu em 1992. E como o Sabbath também tem música auto-intitulada…


Descendents – Descendents

O nome Descendents veio antes. Ou será que eles gravaram Descendents quando ainda se chamavam The Itch? É, não encontrei referências sobre isso… descubram por si mesmos. Ou não, sei lá.


Porno for Pyros – Porno for Pyros

O Porno For Pyros é um desmembramento do Jane’s Addiction. A música que leva o nome do pornô para piromaníacos saiu no disco de mesmo nome, de 1993.


Soulfly – Soulfly

A música que leva o nome da banda de Max Cavalera pós-Sepultura saiu em seu primeiro disco. Aqui no Brasil, as revistas de música se esforçavam para entender o trocadilho, cravando frases como “alma voa” ou “alma mosca”. É, a imprensa musical tem dessas coisas.


Menções honrosas: “A Barca do Sol”, d’A Barca do Sol, “Belle and Sebastian”, do Belle and Sebastian, “Bad Company”, do Bad Company, “Minor Threat”, do Minor Threat, “The Good, The Bad and The Queen”, do The Good, The Bad and The Queen e… você lembra de mais alguma? Deixa aí nos comentários!

Navegação de Posts