Crush em Hi-Fi

Música, trilha sonora, CDs, discos, DVDs, mp3, wmas, flac, clipes, ruídos, barulho, sonzera ou como quer que você queira chamar.

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Um roteiro do que eu assistiria se por acaso fosse ao Lollapalooza 2015 (a grana anda curta, sabe como é…)

17296982Tá chegando mais uma edição do Lollapalooza no Brasil. Novamente, temos várias bandas e artistas de quem você nunca ouviu falar, alguns medalhões consagrados e algumas bandas que mereciam há muito tempo um belo show em terras brasileiras e finalmente aterrissaram por aqui.

Se você vai no Lollapalooza, minhas recomendações são de que vá com as pernas descansadas (sugiro um belo aquecimento antes. Festival cansa, não vá pensando que é mole) e escolha bem o palco onde irá ficar. Não fique com vergonha de sair no meio de um show que você achou que seria imperdível, mas está mais chato que o Caldeirão do Huck. Não deixe de explorar, assim que você acaba descobrindo bandas incríveis.

Ah, e se você está indo só pra ficar tirando selfies e não vai prestar atenção em nenhum show, faça um favor: tente não ficar levantando o celular pra tirar foto/filmar durante os shows. Sério, vai por mim, é chato pra caralho pra quem foi lá pelo que devia ser o tema do festival: a música.

Abaixo, um roteiro com os shows que eu assistiria se fosse ao Lollapalooza 2015 (sabe como é, a grana anda curta!) Não, não tem nenhum artista do Palco Perry, pois não sou lá muito chegado em música eletrônica. E o palco Kidzapalooza pode merecer uma passada quando você estiver de bobeira:

Horários Lollapalooza 2015 sábado12h05 – Baleia (Palco Skol) A banda do Rio de Janeiro vai abrir o festival com sua mistura de indie, rock alternativo, música brasileira e afins. O disco “Quebra Azul” deve compor grande parte da apresentação. Bom pra começar o dia.
13h – Boogarins (Palco Axe) Hora de voltar à psicodelia dos anos 60 com as músicas do quarteto goiano vindas do disco “Plantas Que Curam”, de 2013.
14h50 – Fitz and the Tamtruns (Palco Onix) Nunca tinha ouvido essa e me recomendaram ouvir. “House On Fire” já me pegou pelo pescoço na primeira audição. O show promete ser bacana e se depender das músicas do grupo de Los Angeles, o povo não deve ficar parado!
15h30 – Kongos (Palco Axe) Uma banda vinda da África do Sul, formada por quatro irmãos e que conta com um acordeom nas músicas, misturando rock alternativo e o ritmo africano kwaito. Vale a pena dar uma olhada, nem que seja por curiosidade. Ah, e você provavelmente já bateu o pezinho ouvindo o hit “Come With Me Now”.
17h – St. Vincent (Palco Axe) Annie Erin Clark começou a carreira na incrível banda The Polyphonic Spree e desde 2007, com o disco “Marry Me”, segue carreira solo com o nome St. Vincent. No ano passado ela foi um dos destaques da apresentação dedicada ao Nirvana no Rock and Roll Hall of Fame, onde cantou “Lithium”. Sua mistura de indie, rock alternativo e pop merece ser conferida.
18h20 – Robert Plant (Palco Skol) Você não precisa ser fã de Led Zeppelin pra querer dar uma olhada no show do tio Plant. Sim, ele canta alguns sons do Zep, mas fique de olho também nas músicas mais atuais do senhorzinho de voz poderosa, como “Turn It Up”, do disco “The Ceaseless Roar”. Se você é fã do Zeppelin, devem rolar clássicos como “Babe, I’m Gonna Leave You”, “Black Dog” e “Going To California”.
20h15 – Marina and The Diamonds (Palco Axe) O show deve ser baseado no disco “Froot”, de 2014, com suas letras confessionais e o poderoso vocal rouco da cantora. Se ela seguir o que fez no SXSW, músicas mais pop como “Froot” e “How To Be a Heartbreaker” devem dar o tom da apresentação.
21h15 – Jack White (Palco Axe) Você pode até achar Jack White um mala sem alça, mas tem que dar o braço a torcer no quesito talento. O show terá músicas dos inúmeros projetos de White, especialmente White Stripes, Racounteurs e de seus elogiados discos solo. Ah, se tivermos sorte, pode rolar o que aconteceu na Argentina, quando Robert Plant subiu ao palco e eles tocaram “The Lemon Song”. Cruze os dedos aí!

Horários Lollapalooza 2015 domingo12h40 – Far From Alaska (Palco Onix) A banda potiguar (adoro escrever essa palavra) é um dos nomes que mais prometem na nova cena do rock nacional. As músicas do grande disco “modeHuman” e do EP “Stereochrome” são perfeitas pra começar bem o domingão de shows. \m/
13h30 – Molotov (Palco Skol) VIVA MEXICO CABRONES! Essa aqui é uma das poucas bandas que me fariam ir ao  Lollapalooza, por ser uma das minhas preferidas desde os anos 90. O quarteto mexicano promete hits como “Puto” e “Gimme The Power” e pauladas na orelha como “Chinga Tu Madre” e “Mátate Teté”, do incrível disco de estreia da banda, “¿Donde Jugarán Las Niñas?”
14h30 – O Terno (Palco Axe)  O trio paulista vai apresentar com o recém-contratato baterista Biel Basile as músicas de seus dois discos e um compacto. Destaques para o sucesso “66”, um dos últimos hits da finada Mtv Brasil, e “TicTac”.
15h25 – Interpol (Palco Skol) Vai me dizer que você não conhece o Interpol? A banda já era bacana lá na explosão do indie rock do começo dos anos 2000 (com o hit “Slow Hands”, lembra?) e continuou mandando muito bem em discos como o incrível “Our Love To Admire”. No show os caras devem focar no álbum “El Pintor”, o mais recente da trupe de Paul Banks, muito elogiado pela crítica e com grandes músicas como “All The Rage Back Home”
16h30 – The Kooks (Palco Onix) A banda de Brighton tem um show bacana, mesmo eu tendo parado de acompanhar eles mais ou menos quando lançaram “Naïve” (é, láááá no comecinho).
17h30 – Pitty (Palco Axe) Sim, eu prefiro ver a Pitty do que o Foster The People, tô nem aí. A Pitty tem uma banda coesa, alguns sons calcados no stoner e sabe como interagir com a plateia. Some isso a eu achar Foster The People uma banda chatinha e voilá. Ah, e você sabe cantar praticamente todas, além disso. Vai lá e solte a voz.
20h30 – Smashing Pumpkins (Palco Axe) Sabe-se lá como será o show da banda de Billy (opa, desculpa, William) Corgan, mas se seguirem o set do Lolla Argentina, vale a pena por belas músicas de quando a banda ainda contava com Darcy, Jimmy Chamberlain e James Iha, como “Cherub Rock”, “1979”, “Disarm” e “Bullets With Butterfly Wings”.

Músicas animadas que na real são bem deprê ou violentas e você dançou sem saber

Às vezes a gente se deixa levar pelo ritmo da música e deixa passar batido o que ela está dizendo. Às vezes uma música que parece romântica na verdade é assustadora. Às vezes uma música dançante tem uma letra tão sinistra quanto um filme de terror. E você nem repara: tá lá, dançando que nem doido, balançando a cabeça, enquando o vocalista tá se abrindo falando sobre suicídio ou coisa assim.

Sim, você já passou por isso, pode ter certeza. Duvida?

The Police – Every Breath You Take

O próprio Sting disse que acha estranho as pessoas acharem este hit romântico, já que ele descreve um comportamento obsessivo de assustar qualquer um. De um stalker clássico, que segue seus passos e te vê mesmo quando você não está olhando. “Oh, can’t you see / You belong to me?” Yikes!

Third Eye Blind – Semi Charmed Life

Não se deixe levar pelos “doo doo doo doop doo”: essa música fala da queda no fundo do poço do mundo das drogas, especificamente crystal meth (antes de Walter White e Breaking Bad colocarem a droga na boca do povo). “The sky was gold, it was rose / I was taking sips of it through my nose / And I wish I could get back there, someplace back there  / Smiling in the pictures you would take / Doing crystal myth will lift you up until you break.

Foster The People – Pumped Up Kicks

Parece um indiezinho dançável que faz a galera gritar “uuuuuh, minha música” na balada. Mas as letras de Mark Foster vão um pouquinho mais pro lado escuro: “Pumped Up Kicks” fala de um adolescente armado que sai atirando em todo mundo, com a ideia de levar para discussão do público este assunto tão comum e assustador, especialmente nos Estados Unidos. O baixista Cubbie Fink tem um primo que sobreviveu ao massacre da Columbine High School em 1999, então a banda tem uma proximidade com esse assunto obscuro. “All the other kids with the pumped up kicks / You’d better run, better run, outrun my gun / All the other kids with the pumped up kicks / You’d better run, better run, faster than my bullet”

Ira! – Flores Em Você

Uma música do Ira! que aparece constantemente em casamentos e declarações de amor e foi até tema romântico de novela… bem, pois não deveria. Se você pensar um pouco, quando você vê a pessoa coberta de flores? Vai, usa um pouquinho a cabeça. Isso mesmo: no velório!

Sublime – Date Rape

Um skazinho agradável pra dançar com os amigos que fala de estupro. Conta a história de um rapaz que leva uma garota para um encontro e no fim estupra a moça. Ele acaba indo preso e sendo sodomizado pelos colegas de cela na cadeia. “She didnt want to, he had his way / she said ‘Let’s go’, He said ‘No way’ / ‘Come on babe, it’s your lucky day / Shut your mouth, we’re gonna do it my way / Come on baby dont be afraid / if it wasn’t for date rape, I’d never get laid'”

Lily Allen – LDN

Ah, uma música bonitinha da Lily Allen, falando sobre Londres, que fofo. NOT. A moça fala das partes pobres de Londres e como quase ninguém vê ou liga pra esse pessoal que passa por poucas e boas pra sobreviver por lá. “Everything seems to look as it should / But I wonder what goes on behind doors / A fella looking dapper, but he’s sittin with a slapper / Then I see it’s a pimp and his crack whore”

Kiss – Detroit Rock City

Você já deve ter reparado que um dos grandes clássicos do Kiss termina com o narrador morrendo horrivelmente em um terrível acidente de carro, né? Pois é. Mas pelo menos ele morre sorrindo. “There’s a truck ahead, lights starin’ at my eyes / Oh, my God, no time to turn / I got to laugh, ‘cause I know I’m gonna’ die! / Why?”

Van Halen – Jump

Lembra quando o Van Halen usou um tecladinho oitentista e fez a música mais feliz deles até o momento? Então… bom, a inspiração não foi nada feliz. Segundo David Lee Roth, a letra da música foi inspirada em uma notícia que passava na TV mostrando um homem prestes a pular de um prédio para cometer suicídio. Pois é.

The Beatles – Maxwell’s Silver Hammer

A música é dos Beatles, aqueles bons moços de Liverpool. Quem canta é o Paul McCartney, o mais bom moço dos bons moços. A música é super felizinha e até infantil. E a letra fala sobre… um rapaz que mata pessoas com marteladas de aço na cabeça, esmagando seus crânios, algo digno de um Cannibal Corpse.

O rock sem rock que assola o mundo

Vamos ser sinceros: o rock não morreu. Aliás, nunca morrerá, enquanto tivermos nossos discos dos Stooges e continuarmos a ouvir o David Bowie e os Ramones. Enquanto existir na face da Terra um disco dos Rolling Stones, o rock permanece vivo e chutando.

Porém, ele não está mais aparecendo muito na mídia. Afinal, o “indie” que faz a cabeça do atual público “roqueiro”, em sua maioria, poderia muito bem ser um popzinho disfarçado. O que anda por aí é um ~rock~ muito do domesticado e bunda mole. Isso não necessariamente significa que as músicas em questão são ruins ou abomináveis, mas não tenho coragem de classificá-las como “rock”, sendo que até um som do Dr. Silvana soa mais selvagem.

Vamos a um exemplo e eu explicarei minha opinião:

Este é o Foster The People com o sucesso “Pumped Up Kicks”, que tocou até cansar nas “rádios rock” e nas baladas ditas “rockers” da Rua Augusta. Eu me pergunto: cadê o rock dessa música? Vocalzinho cheio de efeitos, batidinha “pra dançar”… mas cadê as guitarras? Cadê a virada de bateria? Cadê a rebeldia? Não existe. É o rock Sucrilhos, pra ouvir com seus pais no café da manhã.

Outro exemplo? Tá, vou jogar, só pra não dizerem que é essa música específica:

Nem preciso mudar meu texto, então só vou mudar os nomes e ctrl+c ctrl+v na cabeça:

Este é o Foster The People Fun com o sucesso “Pumped Up Kicks” “We Are Young”, que tocou até cansar nas “rádios rock” e nas baladas ditas “rockers” da Rua Augusta. Cadê o rock dessa música? Vocalzinho cheio de efeitos, batidinha “pra dançar”… mas cadê as guitarras? Cadê a virada de bateria? Cadê a rebeldia? Não existe. É o rock Sucrilhos, pra ouvir com seus pais no café da manhã.

Um dia desses eu estava discotecando em uma festa pop e veio uma menina me pedir uma música. Pediu a (já saturada) “Do I Wanna Know”, do Arctic Monkeys. Expliquei que havia uma pista dedicada ao rock na festa, e que esta poderia ser tocada lá. Ela me retrucou com “Mas essa não é rock, é indie“. Será que ela estava tão errada assim?

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