Crush em Hi-Fi

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“Good Times”, a linha de baixo do Chic que praticamente TODO MUNDO já sampleou

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“Good Times” é uma das músicas mais perfeitas para o sample. O groove do baixo da canção do Chic era usada desde os tempos mais primórdios nas turntables, servindo como uma base incrível para rappers despejarem sua verborragia. A música foi lançada em 1979, na efervescência das “block parties” de Nova York que ajudaram a pavimentar o caminho do rap como estilo musical.

Quantas músicas samplearam a linha de baixo incrível de Bernard Edwards? Por volta de 150, mas não dá pra saber exatamente. O mais famoso som que usou o sample foi, sem dúvida, “Rappers Delight”, da Sugarhill Gang, lançado no mesmo ano. No começo, Nile Rodgers foi contra o sample, e a Sugarhill Gang, em vez de brigar, preferiu se acertar: deram total crédito aos caras, e Rodgers e Edwards aparecem nos créditos como autores da música. Foi um dos primeiros raps a estourarem nas paradas e até hoje rola muito bem em festas.

Aqui no Brasil, uma das mais populares músicas que usam o baixo do grupo de Nile Rodgers é “2345meia78”, sucesso de Gabriel, o Pensador no disco “Quebra-Cabeça”, de 1997. Gabriel escreveu a música “meio na brincadeira” em 1996 e ela se tornou um hit, ficando em 17º lugar entre as músicas mais tocadas de 1997. Telefones com o número do título (234-5678) acabaram sendo vítimas de inúmeros trotes depois de seu lançamento:

Ah, e lógico que rolou o dito “primeiro rap do Brasil”, o clássico “Melô do Tagarela”, cantado por ninguém menos que Miéle. O som saiu em um compacto simples em 1980, e na verdade é uma versão de “Rappers Delight”.

Alguns dizem que o Queen “se inspirou” (ou chupinhou mesmo) o Chic com “Another One Bites The Dust”. Não dá pra negar que sim, é parecido… Bernard Edwards falou para a NME: “Bom, aquela música do Queen aconteceu porque o baixista (John Deacon) passou algum tempo com a gente em nosso estúdio. Mas tudo bem. O que não está tudo bem é que a imprensa começou a falar que a gente plagiou eles! Dá pra acreditar? ‘Good Times’ saiu mais de um ano antes, mas era inconcebível para esse pessoal que músicos negros podiam inovar desse jeito”.

Bom, não parou por aí. Vamos a alguns dos sons que também usaram “Good Times” como base:

“Kabaluerê”, a música que trouxe toda a ginga samba rock funky de “Qual É”, de Marcelo D2

Quando Marcelo D2 lançou “Qual É”, estava carimbada sua passagem para o mundo do pop (mesmo ele se auto-referenciando como “Pesadelo do Pop”) e a consequente queda do Planet Hemp. Muitos samples brasileiros, um balanço que até então o rap brasileiro ainda não havia explorado com força e as letras malandras e cheias de referências à maconha (se bem que mais comedidas do que no Planet) reforçaram o sucesso com público e crítica.

Em “Qual É”, D2 já começa utilizando uma frase inteira de “Voz Ativa”, dos Racionais MC’s (“Eu tenho algo a dizer / Explicar pra você / Mas não garanto, porém / Que engraçado eu serei dessa vez”), algo que é comum no rap lá de fora, mas aqui causou um certo mal-estar entre o grupo de Mano Brown e o rapper carioca.

Porém, o sample que dá todo o balanço e “dançabilidade” da música vem de Antonio Carlos e Jocafi, com “Kabaluerê”. A música vem do disco “Mudei de Idéia”, de 1971. A dupla, nascida na Bahia, começou a carreira em 1969, no Festival Internacional da canção. Muitas de suas músicas fizeram parte de trilhas sonoras de telenovelas. Entre os outros sucessos estão “Você Abusou”, que ficou conhecida na voz de Maria Creuza.

“Kabaluerê” também foi sampleada em “Comin Thru” por Charli 2na, rapper americano que fez parte dos grupos Jurassic 5 e Ozomatti. Ficou diferente do que D2 fez com a música e usa bem o refrão e título da música.

O “Robot Rock” do Daft Punk veio diretamente do funk da Philadelphia no fim dos anos 70

Uma das grandes músicas do disco “Human After All” do Daft Punk, lançado em 2005, “Robot Rock” tem um riff que gruda na cabeça mais rápido do que você pode dizer “cucamonga”. É ouvir uma vez e sair cantarolando o riff feito pela dupla francesa o resto do dia.

Um vocoder com os dizeres “robot rock” permeiam a música, enquanto Thomas Bangalter e Guy-Manuel de Homem-Christo tocam como um power duo no clipe:

A música é praticamente toda derivada de “Release The Beast”, da banda Breakwater. A banda de funk e soul veio da Philadelphia e foi formada em 1971, formada por Gene Robinson, James Gee Jones, Linc ‘Love’ Gilmore, Steve Green, Vince Garnell, Greg Scott, John ‘Dutch’ Braddock, e Kae Williams, Jr. “Release The Beast” está no segundo disco do grupo, “Splashdown”, de 1980. Afaste os móveis e dance aí!

O incrível sample funky que criou o hit “My Name Is”, do Eminem

Não vou entrar no mérito das besteiras que Eminem fala o tempo todo. Afinal, a carreira de Marshal Matters foi sempre pautada pelas pancadas (algumas boas, outras horríveis) que ele desfere em tudo e em todos com seu codinome Slim Shady.

A ideia aqui é falar do incrível sample que ele (na verdade, o produtor do disco) escolheu para o single que fez ele estourar em todo o mundo “My Name Is”. A música ~engraçadinha~ do rapper de cabelo descolorido saiu em 1999 e mostrou ao mundo a verborragia de Slim Shady enquanto ele proclamava seu nome.

A cadenciada base da canção veio de Labi Siffre, com “I Got The…”. Aos 2:31 da música, o ritmo muda e o funk entra em cena com uma batida que foi feita sob medida para ser sampleada.

Aliás, a batida é tão prontinha pro sample que já foi usada também por Primal Scream (“Kill All Hippies”), Jay Z (“Streets Iz Watching”), Wu Tang Clan (“Can It Be All So Simple”) e muitos outros.

Músicas para embalar os seus domingos e esquecer das segundas

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Domingo. Um dos dias mais odiados da semana. Não pelo domingo em si, mas por preceder o primeiro dia útil, ele é até mais triste que a inevitável segunda. E por este motivo, é um dos dias com grandes músicas dedicadas a ele. E já que os sentimentos destinados ao primeiro dia da semana não são dos melhores, o mesmo não se pode dizer das canções.

E se seu domingo está sem graça e precisando de uma trilha sonora, deixa comigo.


Faith No More – Easy

Sim, a versão original dos Commodores é incrível, mas a trupe de Mike Patton fez uma versão que me diz muito mais e passa melhor aquele sensação “dominical” que é a intenção aqui. Segundo Lionel Richie, que escreveu a música, ela “se aplica a qualquer pessoa que vive em uma pequena cidade do Sul dos EUA. Pequenas cidades do sul ficam mortas à partir das 23:30 de sábado. Então eu meio que tive que pensar em minhas próprias experiências – de Lionel Richie de Tuskegee, Alabama, onde não há coisas como festas que vão até às 4 da manhã.


 Titãs – Domingo

Acho que, pra mim, esta é a música que mais simboliza este dia tão preguicento. Paulo Miklos fala sobre tradições do domingo brasileiro, como a presença inevitável de Sílvio Santos com sua risada característica na TV (o que acabou atrapalhando sua veiculação via Rede Globo, que não queria citações ao rival) e quase tudo fechado. A música deu nome ao oitavo disco dos Titãs, lançado em 1995.


Queen – Lazy On A Sunday Afternoon

Esta ode à preguiça saiu no disco “A Night At The Opera”, de 1975, e fala basicamente de como o interlocutor ama a preguiça de um domingo à tarde. Curtinha.


David Bowie – Sunday

A faixa que abre o disco “Heathen”, de 2002, marca o retorno de Tony Visconti, que produziu muitos dos discos clássicos dos anos 70. Como o Bowie nunca tentou explicar esta letra, fica difícil querer definí-la. Dê uma ouvida e tente descobrir o que o camaleão quis dizer.


Sonic Youth – Sunday

O primeiro e único single do disco “A Thousand Leaves” trazia Macaulay Culkin em seu clipe. O ator andava meio sumido depois do sucesso de “Esqueceram de Mim”. Segundo o próprio Thurston Moore, o riff principal foi “emprestado” da música “Skeleton” da banda Helium, uma de suas preferidas.


Stone Temple Pilots – Naked Sunday

Sim, domingo é um bom dia pra ficar peladão em casa, porém a música não fala sobre isso. A faixa do disco “Core” fala sobre fé e espiritualidade, perguntando a Deus porque deveríamos confiar nele quando o fim chegar depois de tudo que passamos aqui na Terra. É, uma bad trip pesada do Scott Weiland.


Velvet Underground – Sunday Morning

Esta foi escrita por Lou Reed num domingão por volta das 6 horas da matina. Andy Warhol sugeriu que ele escrevesse sobre a sensação que rola quando o efeito do coquetel de drogas que o rapaz tomava estava passando. Reed não deixou que Nico cantasse essa: ele mesmo cantou, imitando ela.


Oasis – Sunday Morning Call

A primeira música com Noel Gallagher nos vocais desde “Don’t Look Back In Anger” saiu no disco “Standing In The Shoulder Of Giants” e é, novamente, uma balada. A música é sobre pessoas (que Noel não quis citar, mas se desconfia que ele fala de Kate Moss) que apareciam em sua porta de manhã, bem loucas. O clipe é inspirado no filme “Um Estranho No Ninho”.


Jefferson Airplane – Young Girl Sunday Blues

Do terceiro disco do Jefferson Airplane, “After Bathing at Baxter’s”, saiu esta pérola psicodélica dançante. Uma música um pouco mais alegrinha para o seu domingo.


Video Hits – Silvia 20 Horas Domingo

A versão da banda gaúcha Video Hits para a música da fase psicodélica de Ronnie Von é incrível. Diego Medina e sua trupe imprimem uma felicidade próxima à do B-52’s à canção, deixando-a com cara de domingão feliz. Tio Ronnie deve ter ficado orgulhoso dos pupilos. Pena que a banda durou tão pouco…


Tim Maia – Um Dia de Domingo

O vozeirão do rei do soul brasileiro vai bem com qualquer domingo. Faz de conta que ainda é cedo.


Ângelo Máximo – Domingo Feliz

Uma pérola do brega que eu adoro. Essa é pra deixar qualquer domingo feliz. Deixe o preconceito de lado e cante com o Ângelo Máximo que hoje é, sim, o seu dia.

Kanye sampleou Daft Punk, que sampleou Edwin Birdsong

Este é um dos casos de sample do sample. “Stronger”, do Kanye West, sampleia “Harder, Faster, Better, Stronger” da dupla Daft Punk. E aí chegamos à fonte do som: Edwin Birdsong.

Edwin toca funk/soul experimental e nunca fez muito sucesso, apesar de ter uma legião de fãs de seu som dançante e criativo. Chegou a trabalhar como músico de estúdio para artistas como Stevie Wonder.

“Cola Bottle Baby” foi o sample principal de “Harder, Better, Faster, Stronger”, lançada pelo Daft Punk em 2000 em seu disco Discovery. A música permeia tanto a canção de Kanye West quanto a do Daft Punk, sendo a base principal de ambas.

Os sons mais fuderengos das trilhas de Hermes e Renato

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Se você é fã do grupo Hermes e Renato, sabe que eles sempre manjaram muito bem como fazer uma sketch ficar ainda melhor utilizando trilhas sonoras incríveis e pepitas de ouro garimpadas com muito afinco. Desde o começo do grupo, Fausto Fanti já gravava seus vídeos caseiros com os amigos usando músicas variadas tocadas em um radinho para serem a trilha sonora.

Do brega ao funk melody, do samba rock ao eletropop oitentista, as trilhas de Hermes e Renato sempre tiveram grandes momentos. Vamos relembrar agora alguns dos sons que marcaram as sketches da dupla de arrombados. Ah, e se você tá esperando algo do Massacration ou Coração Melão na lista, você paga comédia, seu proxeneta!


Erlon Chaves e sua Banda Veneno – Eu Também Quero Mocotó

Nas cenas da dupla Hermes e Renato, a trilha invariavelmente era brasileira, puxada para o samba rock, funk ou o fino do brega. Neste caso, “Eu Também Quero Mocotó”, música de Jorge Ben que foi apresentada pela banda no V FIC, onde ficou em sexto lugar e foi apresentada por quarenta pessoas (vinte homens e vinte mulheres), além da Banda Veneno.


Jean Beauvoir – Feel The Heat

A trilha de “Stallone Cobra” (1986) serviu como música-tema para Ralph Romero, personagem de Fausto Fanti na primeira novela do grupo, “O Proxeneta”. Inesquecível ver Ralph mostrando toda sua malemolência em casa, no escritório e na academia ao som de “Feel the Heat”.


Undercover – Baker Street

Esta ficou clássica na sketch “O Padre Gato”, com Fausto Fanti interpretando o Justin Timberlake de batinas fazendo o clássico solo de saxofone da cover de Gerry Rafferty feita pelo Undercover nos anos 90. A música também serviu como tema para o mágico picareta Rojangel, personagem de Fanti em vídeos exclusivos para o Youtube.


Linear – Sending All My Love

Esta foi a base para “Janie’s On My Mind”, música que estoura no mundo inteiro na voz de Joselito na sketch em que o personagem fica famoso depois de cantar durante uma balada. Também aparece em outra sketch em que Joselito é vendedor de cachorro-quente. “Maionese, ketchup, mostarda, chumbinho, pedra…”


Kishore Kumar – Samne Yeh Kaun Aaya

Nada mais do que a trilha para as indescritíveis danças do bailarino Juan Soarez, personagem clássico dos primeiros anos de Hermes e Renato. Inesquecível a cena de Juan Soarez dançando em volta de um prato de macarronada.


Eumir Deodato – Super Strut

A trilha das sketches de Hermes e Renato sempre remetia aos anos 70 e à pornochanchada brasileira, daí a enxurrada de palavrões, atuações canastronas e diálogos com gírias idosas. Esta música demonstra bem o clima das sketches da dupla de sevandijas.


Parliament – Give Up The Funk (Tear The Roof Off The Sucker)

“Se você sempre teve vontade de fazer isso, mas nunca teve coragem… vote em mim, ó… aqui!
Para presidente, vote Joselito! 12345678910 – PSN – Partido dos Sem Noção


Clube do Balanço – Muito Incrementado

Esta é um clássico do Hermes e Renato. Quem curtia os enredos simples e curtos da dupla junto com Jandira e a “bicha” Ney nos primeiros quadros do grupo deve lembrar do “muuuuuuito incrementado”.


Tony Damito – Gut Gut

“Gut Gut” aparece na sketch de pouco mais de um minuto de Hermes e Renato onde eles roubam em um jogo de baralho. A única fala do quadro é “filha da puta”. Assim, legal.


 

Ceasefire vs. Deadly Avenger – Evel Knievel

A música de abertura dos quadros e do programa Hermes e Renato continha sample de “Money Runner” de Quincy Jones e grudava na cabeça em instantes. A música foi (e ainda é) o tema clássico do quinteto.

*agradecimentos infinitos a Mel Toledo e o pessoal do grupo Hermes e Renato do Facebook, sem os quais este post não seria possível. :)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mr. Catra cria seu próprio Body Count em disco de rock

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Pois é, o cara que transformou “Tédio” do Biquíni Cavadão em “Adultério” e é popular por ser pai de 30 filhos e casado com 4 mulheres ao mesmo tempo resolveu gravar um disco de rock.

Sob o nome de Mr. Catra e os Templários, o carioca está registrando um álbum descrito em sua página do Facebook como “Baile Funk Metal Hardcore”, ou “FunkMetal,‬ Rapcore, ‎Rock, ‎Hardcore e ‎PowerFunkinRoll‬”, seja lá o que isso queira dizer.

Nos posts da página da banda, prévias de músicas como “Retorno de Jedi” (com solo do guitarrista Reinaldo Gore Doom) apontam, segundo eles, um “som bem pesado e coeso”. É aguardar pra ver.

Não é a primeira vez que Catra envereda pelo mundo do rock. Além de participar nos anos 80 da banda O Beco, o funkeiro já participou de faixas de bandas como Raimundos. Ouça “Pegamutukalá”, do disco “Kavookavala”:

Será que Catra consegue ter sucesso com sua versão brasileira do que Ice-T fez com o Body Count?

O sample incrível de “Crazy In Love” da Beyoncé

De tempos em tempos, vou contar aqui o segredo de algumas grandes canções da música. Muitas delas se utilizam de samples e inspirações em outras grandes músicas. E, cara, acho que não sou só eu que me divirto pra caramba ouvindo a inspiração de um hit. Ou sou?

Vou começar com um sample sensacional presente no arrasa-quarteirão “Crazy in Love”, da Beyoncé.  Este sample é o responsável pela explosão que é a introdução deste hit, aquele que faz as pessoas gritarem ~uuuuuuuuuhhhh, minha músicaaaaaa~ na pista de dança.


“Are You My Woman (Tell Me So)”, do grupo de soul The Chi-Lites, de Chicago, possui todo o balanço que você já conhece via Queen B, mas com muito mais funk injetado. O som de 1971 é uma delícia de se ouvir.

Já pensei em discotecar essa música aqui em São Paulo, mas acho que eu seria linchado por fãs da Beyoncé esperando ouvir “Crazy In Love”…

 

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