Crush em Hi-Fi

Música, trilha sonora, CDs, discos, DVDs, mp3, wmas, flac, clipes, ruídos, barulho, sonzera ou como quer que você queira chamar.

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10 dos piores exemplos de que o machismo correu solto (e ainda corre) nas letras de rap

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Tem um momento no stand-up de 2004 “Never Scared”, de Chris Rock, em que ele diz que adora rap, mas não dá pra defender o estilo. Motivo: suas letras. Ele cita “Get Low”, de Lil Jon (“To the window / To the wall / To the sweat drop down my balls”) e como “é difícil defender letras como ‘I got hoes in different area codes’” e que às vezes até garotas dançam raps com letras cheias de misoginia.

Será que ele está exagerando? Se você assiste e pensa “ah, não existem letras tão pesadas como o ‘blind the bitch’ que ele brinca ali no final, vai”, acho melhor repensar. Existe coisa até pior e mais violenta que isso. Duvida? Vou dar 10 exemplos de letras machistas e misóginas do rap, mas isso é só a ponta do iceberg. Existe muito mais rodando por aí, e não só no rap: no funk, no rock, no sertanejo e em todos os estilos musicais, infelizmente, a coisa ainda tá feia.

“Fique esperto com o mundo e atento com tudo e com nada / Mulheres só querem/preferem o que as favorecem / Dinheiro e posse, te esquecem se não os tiverem”Racionais MC’s

Em “Mulheres Vulgares”, os Racionais MC’s começam dizendo que vivemos em uma sociedade feminista que considera todo mundo machista. Sério? Temos outros exemplos, como “Em Qual Mentira Vou Acreditar”, do disco “Sobrevivendo no Inferno”, de 1997, com o verso “Que mina cabulosa, olha só que conversa: Que tinha bronca de neguinho de salão / Que a maioria é maloqueiro e ladrão / Aí não, mano! Foi por pouco / Eu já tava pensando em capotar no soco”

“Slut, you think I won’t choke no whore / Til the vocal cords don’t work in her throat no more?!”Eminem

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Ah, Eminem. Dava pra fazer um post só com os vários versos violentos, homofóbicos e misóginos do loirinho, que normalmente diz que “é brincadeira”. Como no final de “Kill You”, que contém o verso acima. Ou na faixa “Kim”, que é basicamente um diálogo em que ele espanca e mata sua ex-mulher com uma batida de Led Zeppelin sampleada ao fundo, algo como um rap torture porn.

“Bitches ain’t shit but hoes and tricks / Lick on these nuts and suck the dick.”Snoop Dogg

O verso de Snoop em “Bitches Ain’t Shit” mostra o quanto a mulher era valorizada no rap americano na época do lançamento de “The Chronic” do Dr. Dre.

“My little sister’s birthday / She’ll remember me / For a gift I had ten of my boys take her virginity.”Bizarre

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Este nojento verso de Bizarre está presente em “Amytiville”, música do (adivinhem?) Eminem. O cara se orgulha de levar dez caras para estuprar sua irmã virgem, um “presente” do irmão. Isso é música que se faça, cara?

“Put Molly all in her champagne, she ain’t even know it / I took her home and I enjoyed that, she ain’t even know it.”Rick Ross

A tática que Bill Cosby supostamente usou para estuprar diversas mulheres aparece aqui na música de Rick Ross “You Don’t Even Know It”. Nojentíssimo.

“Parece que parou comigo pra me atazanar/ Me dá vontade de pegar uma arma e…/ Cala a boca! Eu tô pensando em fazer igual o goleiro Bruno / Falar que tu viajou e te mandar pra outro mundo”Shawlin

Sério que o Shawlin do Quinto Andar se comparou ao goleiro Bruno em um rap que fala sobre como ele tem raiva de “mulher chata”? Sim, a música “A Raiva” é toda sobre isso, mas este verso é de assustar qualquer um.

“E tu vem, meu coração parte e grita assim / ‘arrasa biscate!’ / Merece era uma surra, de espada de São Jorge”Emicida

Emicida é declaradamente contra o machismo, mas entrou em uma polêmica com a música “Trepadeira”, que contém o verso acima. “O tema do machismo no rap é importantíssimo e deve ser debatido e combatido, assim como na sociedade como um todo. Gostaria de lembrar que já colocamos o dedo nessa ferida ao criar “Rua Augusta”, saindo do lugar-comum da mulher como “vadia/produto/objeto”, e humanizando a imagem de uma prostituta. Muito respeito a todas as feministas (principalmente as que me xingaram pouco)”, disse ele, em resposta à polêmica.

“I fuckin’ hate you; I’ll take your drawers down and rape you / While Dr. Dre videotapes you…”D12

O D12, que conta com Eminem e Bizarre, já citados acima, novamente mostra que para eles estupro é algo comum e sem importância. Ou não é isso que esse trecho de “Fight Music” demonstra?

“Rape a pregnant bitch and tell my friends I had a threesome.”Tyler, the Creator

Tyler, The Creator é conhecido por seus “raps ofensivos”. O verso acima é uma “piada” com estupro de grávidas que aparece na música “Tron Cat”.

“And if you got a daughter older than 15, I’mma rape her/Take her on the living room floor, right there in front of you/Then ask you seriously, what you wanna do?”DMX

DMX pega pesadíssimo na letra de “X Is Coming”, ameaçando estuprar a filha de alguém na frente dos pais, caso ela tenha mais de 15 anos. Estupro, pedofilia e violência em apenas uma frase. Dá pra acreditar?

Algumas das frases mais imbecis já proferidas por músicos

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Não é porque você gosta da música de um cara que deve ignorar que ele é, antes de tudo, humano. Ou seja: provavelmente ele também fala muita besteira às vezes, assim como aquele seu tio que manda uma piadinha machista no churrasco de família ou quando sua mãe defende a pena de morte com unhas e dentes.

É lógico que não é porque um artista falou uma bobagem tremenda que você precisa parar de ouvir sua música (a menos que as músicas comecem a conter bobagens tremendas, é claro). Afinal, eu ainda gosto de Ultraje a Rigor mesmo com seu vocalista desferindo pesadas bobagens nas redes sociais.

Confira algumas das maiores baboseiras já ditas por músicos e use todo seu poder de facepalm. Ah, controle-se pra não chorar ou quebrar a tela do computador.

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“Madonna está mais próxima da prostituição organizada do que de qualquer coisa” – Morrissey

 

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“Vote em Enoch Powell … Eu acho que Enoch está certo, acho que devemos mandá-los todos de volta. Impeça que a Grã-Bretanha se torne uma colônia negra. Expulse os estrangeiros. Mande os australianos embora. Mande os negros embora. Mantenha a Grã-Bretanha branca.” – Eric Clapton

 

Noel Gallagher “Eu odeio Alex James e Damon Albarn (do Blur). Eu espero que eles peguem AIDS e morram” – Noel Gallagher

 

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“Se você é um homem de mais de 25 anos e não come várias bucetas, apenas se mate. O mundo será um lugar melhor” – 50 Cent

 

Vida de músico Lobão será filmada

“Torturadores arrancaram umas unhazinhas” – Lobão, sobre a ditadura

 

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 “Vou te contar, os caras que fazem sexo com os orifícios anais – como podemos ofender caras que realmente fazem sexo anal? Você não acha que eles que podem ofender alguns de nós que acham que é desprezível?” – Ted Nugent 

 

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“Meu pau é como uma supremacia branca” – John Mayer, falando que só namorava com brancas

 

cee-lo-green-ringtones-e1311401175250 “Se alguém está desmaiado, não está com você conscientemente! Assim, isso mostra consentimento. Pessoas que realmente foram estupradas se lembram!” – Cee Lo Green

 

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“Eu não dou a mínima para seus urubus amarelos” – Johnny Cash, após quase extinguir uma espécie de pássaro quando deixou seu carro pegando fogo

 

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 “Eu vi o mal da homossexualidade sair de vocês… A AIDS é o resultado de seus pecados. Mas não me interpretem mal, Deus ama você, mas não do jeito que você é agora” – Donna Summer

 

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“E tem mais, seu bosta: minha família não foi perseguida pela ditadura. Porque não estava fazendo merda” – Roger Rocha Moreira, em resposta à Marcelo Rubens Paiva

 

geri halliwell8e “Para mim, o feminismo é um lesbianismo com queima de sutiã. É muito pouco gloriosa. Eu gostaria de vê-lo renomeado. Precisamos ver uma celebração da nossa feminilidade e suavidade” – Geri Halliwell, das Spice Girls, a banda do “Girl Power”

 

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“Estive estudando a lavagem cerebral comunista e sei que os Beatles são uma força poderosa contra o espírito americano” – Elvis Presley, para Richard Nixon

Bárbara Sweet prepara seu primeiro disco e combate machismo com improviso

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Bárbara Sweet tem 28 anos, sendo que 11 foram passados rimando. Seja na rua, com coletivos ou em eventos de rap, Sweet reforça a presença feminina no mundo do rap, combatendo o machismo presente nas rimas de alguns rappers de forma inteligente durante suas participações em batalhas de MCs.

O vídeo que revelou Sweet para o mundo, em que ela destrói dois MCs em uma batalha de freestyle na Santa Cruz, mostra que, quando as ofensas comuns do evento se transformam em injúrias machistas, a MC desfere fatalitys muito bem inseridos. Quando Pasquim diz que “homem sofre mais violência doméstica que mulher, isso é estatística” e “foda-se as feministas”, Sweet vira Hulk. Ou melhor, Mulher Hulk.

“É mulher que sofre violência doméstica, é mulher que sofre violência estética, é mulher que sofre violência do dia-a-dia. Você é branco e hétero, não sabe qual que é a da minoria”

Como você entrou no mundo do rap?

Como MC comecei em 2003, rimando na rua mesmo. Em 2005 me juntei ao coletivo Ponta Pronta de Belo Horizonte junto com a MC Paula Ituassu. Aí, criamos o Controversas. Neste ano, fizemos uma festa regular, a H2 Grrls, só com atrações femininas do rap.

Você acha que o rap ainda é um meio machista?

Bastante, e homofóbico e lesbofóbico também. Mas tenho visto mudanças significativas. Vejo a chegada de mais mulheres com um discurso forte, mesmo que não seja “feminista”, de comportamento. Outros MCs também estão se posicionando como gays, como o Rico Dasalam. Vejo um crescimento de debates sobre isso no movimento, além de mais minas nas batalhas, que sempre foi meu sonho.

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O quanto você acha que os vídeos das batalhas no Youtube onde o machismo é combatido são responsáveis pelo aumento do número de mulheres no rap e esta mudança de atitude no meio?

Acho que ajuda, sim. Na real eu não vejo. Pelos comentários e porque eu odeio me ver no vídeo, mesmo os que eu ganhei. Acho desconfortável. Mas sei que alguns tem mais de 100 mil plays e sei que muitas minas veem como um incentivo ter essa referência. Eu mesma vi muito vídeo da Negra Re, da Stefanie e até da Flora batalhando antes de pôr a cara…

Você está trabalhando só com improviso e batalhas ou vem um disco por aí?

Na verdade tô dando um tempo nas batalhas e dedicando ao meu disco, que deve sair até o meio do ano. Já tenho alguns sons gravados no http://soundcloud.com/ba-Sweet

O nome do disco é D.O.C.E. – Dose Ostensiva de Caligrafia Explícita, é meu primeiro disco e eu tô no processo de pré produção, separando as letras, escolhendo os beats e parcerias.

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Quais são suas principais referências musicais?

Bom, a Dina Di foi a mina que eu ouvi primeiro no rap, então ela é muito relevante pra mim. Me inspiro muito na Lurdez da Luz, na Kat Dahlia, Akua Naru, Apani, Dynasty… São várias.

Shaw MC tem em seu novo EP a frase “me dá vontade de fazer igual o goleiro Bruno / Falar que tu viajou e te mandar pra outro mundo”, Maomé da Cone Crew Diretoria postou que “mulher tem que aprender a ser mulher dentro de casa” e Eminem ameaça Iggy Azalea de estupro na faixa “Vegas” (“Larga essa merda, Iggy. Você não vai querer soprar o apito de estupro comigo. Grita! Eu adoro”). O que você acha deste tipo de expressão no rap?

Bom, o Eminem sempre foi assim, eu admiro muito a capacidade de flow, métrica e rima dele, mas não me identifico com a mensagem, então não é uma artista que eu consumo mais. Digo o mesmo sobre a Cone. Respeito os caras pelo corre deles, mas também não tenho nenhum link com aquilo que é dito. O Shaw eu sempre fui fã, desde o Quinto Andar e achei a mix tape muito boa e bem produzida, mas me decepcionei como fã ao ouvir essa faixa que banaliza tanto o feminicidio. Menos um no meu play. Quero articular com outras MCs pra que possamos fazer uns sons satirizando isso. Acho que a melhor forma de informar e expressar é essa. É uma ideia em construção que já tá em andamento, se tudo virar mesmo, logo mais tem essa aí.

Tipo uma mixtape só de minas?

Sim, pensei em uns 2 sons Inicialmente, mas se fluir, queremos fazer com mais minas e mais sons.

Ouça “Depende”, de Bárbara Sweet:

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